Cascais, Lisboa e Porto são concelhos mais caros para comprar casa

Os preços das casas em Portugal subiram com Cascais, Lisboa e Porto a liderarem os preços. Mas a tendência é quase geral a todo o território nacional onde as mudanças da pandemia já são visíveis. A grande surpresa vai para Cinfães onde o preço médio do metro quadrado é superior ao de Lisboa. Mercado do…

Cascais, Lisboa e Porto são os concelhos que ocupam o top três das cidades mais caras do país para comprar apartamentos quando comparados os preços médios de venda de apartamentos usados. Esta é uma das principais conclusões de um estudo levado a cabo pela REATIA, que revela que, curiosamente, o concelho com o preço médio do metro quadrado mais elevado, ainda superior aos 4320 euros em Lisboa, é Cinfães, no distrito de Viseu com o metro quadrado a valer 4981 euros.

O fenómeno é explicado por Hugo Venâncio, CEO da REATIA: “A pandemia permitiu que o teletrabalho tomasse uma posição de destaque, o que influenciou em parte a evolução do mercado imobiliário, em 2021”, começa por dizer. E continua: “O que acontece em Viseu, distrito que viu o preço do metro quadrado disparar 25%, é isso mesmo. Os valores observados no concelho de Cinfães são motivados principalmente pela deslocação incentivada pelo teletrabalho para regiões menos populosas, a localização privilegiada entre as capitais de distrito mais importantes da zona norte e o número de imóveis disponíveis muito inferior ao concelho de Lisboa, facilitando a subida do preço médio do metro quadrado”, diz.

Mas vamos a números. Lisboa continua a liderar a lista dos distritos mais caros com uma variação de 74% do preço médio por metro quadrado, segundo os dados da REATIA: comparando o início com o fim do ano, o metro quadrado ficou 1223 euros mais caro, depois de registar o valor mais alto no terceiro trimestre. 

Numa análise mais detalhada, o preço médio de venda de um T1 passa de 175 mil euros para 216 mil euros (uma variação de 23,35%), mas é nas tipologias T2 e T3 que a variação dos preços médios mais que duplica: Para comprar um T2 era necessário um investimento médio de 143 mil euros e de 202 mil euros para um T3. Mas, no final do ano, esses valores dispararam para 239 mil euros e 378 mil euros, respetivamente. “Com variações na ordem dos 66% e 86%, era mais barato, em média, comprar um T3 no início do ano, do que um T2 em dezembro de 2021”, destaca a REATIA.

Já no distrito do Porto, a evolução do preço médio de venda foi na ordem dos 13%. Um T1 custa agora, em média 147 mil euros, um valor que representa um crescimento de 22% face ao início do ano passado. Já um T3 custa mais 13,5%, 245 mil euros.

Em Faro, a situação não é diferente. Em média, está 19% mais caro comprar um apartamento T2, enquanto que um T3 disparou para 26%, com um preço médio de 273 699 euros.

Concelhos mais caros e mais baratos São João da Pesqueira, Pampilhosa da Serra, Nisa, Crato, Castanheira de Pêra, Mourão, Sousel, Campo Maior, Oleiros e Gavião lideram a lista dos concelhos mais baratos com muitos deles a ser também os que apresentam o preço de metro quadrado inferior. São João da Pesqueira, que pertence ao distrito de Viseu, ocupa o primeiro lugar com o preços médio de venda de apartamentos usados a rondar os 20 mil euros.
A REATIA diz ainda que, a par da compra, também o mercado de arrendamento apresentou um crescimento ao longo de 2021. 

Como vai o arrendamento? Os preços das casas para arrendar em Portugal registaram uma subida de 0,7% no mês de fevereiro face ao mês anterior. Os dados foram revelados pelo índice de preços do idealista, que revela que arrendar casa tinha um custo de 10,9 euros por metro quadrado no final do mês de fevereiro deste ano, tendo em conta o valor mediano. Já em relação à variação trimestral, a subida foi de 1,8%.

Por regiões, durante o mês em análise, os preços das casas para arrendar desceram em três regiões com destaque para o Algarve (-1,5%), Alentejo (-1,1%) e Região Autónoma da Madeira (-0,4%). Por outro lado, os preços subiram na Região Autónoma dos Açores (1,6%), Área Metropolitana de Lisboa (1,4%), Centro (1,1%) e Norte (0,5%).

A Área Metropolitana de Lisboa, com 12,6 euros por metro quadrado, continua a ser a região mais cara, seguida pelo Algarve (9,8 euros por metro quadrado), Norte (9,4 euros por metro quadrado) e Região Autónoma da Madeira (9,2 euros por metro quadrado). Do lado oposto da tabela encontram-se o Centro (6,6 euros por metro quadrado), o Alentejo (7,1 euros por metro quadrado) e a Região Autónoma dos Açores (7,2 euros por metro quadrado) que são as regiões mais baratas.

Numa análise aos distritos, os preços das casas para arrendar desceram em Vila Real (-3,6%), Viana do Castelo (-1,8%) e Faro (-1,5%). Segue-se Santarém (-1,5%), Aveiro (-0,8%), Castelo Branco (-0,7%), Setúbal (-0,4%), Ilha da Madeira (-0,4%) e Leiria (-0,2%).

Já as maiores subidas foram registadas em Coimbra (6,4%), Braga (4,5%), Viseu (3,1%), Lisboa (1,7%), Ilha de São Miguel (1,1%) e Porto (0,5%).

O idealista revela ainda que o ranking dos distritos mais caros para arrendar casa é liderado por Lisboa (13 euros por metro quadrado), seguido pelo Porto (10,1 euros por metro quadrado), Faro (9,8 euros por metro quadrado), Ilha da Madeira (9,2 euros por metro quadrado), Setúbal (9 euros por metro quadrado), Coimbra (7,5 euros por metro quadrado) e Ilha de São Miguel (7,1 euros por metro quadrado). Arrendar casa em Aveiro custa 7 euros por metro quadrado, em Braga 6,6 euros por metro quadrado e Leiria 6,3 euros por metro quadrado.

Os preços mais económicos encontram-se em Vila Real (4,5 euros por metro quadrado), Viseu (5 euros por metro quadrado), Santarém (5,2 euros por metro quadrado) Castelo Branco (5,8 euros por metro quadrado) e Viana do Castelo (6,2 euros por metro quadrado).

Lisboa com aumento de 1,8% em 2021 Também a Confidencial Imobiliário revelou que as rendas das casas em Lisboa cresceram 1,8% em 2021. “Trata-se de uma forte recuperação face ao comportamento de 2020, ano em que as rendas desceram 16,8%, e fica mesmo ligeiramente acima da subida anual de 2019, então de 1,4%”, revela o Índice de Rendas Residenciais.

No Porto, as rendas ainda descem e contam com uma quebra de 2,1% em 2021, embora desagravando face à descida de 4,5% registada em 2020.

Em termos nacionais, as rendas mostraram uma subida de 3,2% em 2021, também recuperando face ao ano anterior, quando se mantiveram praticamente inalteradas (variação de -0,7%). Mas feitas as contas em termos trimestrais, as rendas no país perderam fôlego ao longo do ano. “Depois de se voltarem a posicionar em terreno positivo no 2º trimestre (+3,5%), as variações em cadeia abrandaram, passando para 1,4% no 3º trimestre e 0,8% no 4º trimestre”, diz a Confidencial Imobiliário, acrescentando que a renda média contratada em Lisboa atingiu os 12,9 euros por metro quadrado em 2021, enquanto no Porto ficou em 10,5 euros por metro quadrado. 

Sem surpresa Todos estes dados imobiliários divulgados não devem surpreender Paulo Caiado, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) que chegou a dizer em entrevista ao Nascer do SOL que para os preços das casas descerem é necessário que exista “um problema muito grande” uma vez que “a pandemia não basta. Constatámos que não chega”. E recusou que os preços subissem em todo o país, apesar de destacar a grande subida em Lisboa, Porto e Cascais. “Um imóvel no Mogadouro hoje vale o mesmo que valia há cinco anos. Um imóvel na Lourinhã hoje pode valer mais 10%. O que temos? Um crescimento de preços em Lisboa, no Porto, na Comporta, em Cascais, em que a subida foi muito maior do que os 50%”, disse.
E garantiu que “na generalidade do nosso país, os imóveis poderão ter valorizado mas um bocadinho acima da inflação que tem sido muito pequena nos últimos tempos. Se calhar, quando esses números são esmiuçados por concelho, vamos encontrar uma média que é capaz de andar ali nos 3, 4, 5, 6% de valorização”.