Costa repudia acusação de infiltrados pró-russos no seu gabinete

Ora, num país integrante da NATO, a acusação de que no próprio gabinete do chefe do Governo há gente «a trabalhar para a Rússia», constitui tema de enorme melindre. Ainda por cima, não muito tempo depois do escândalo da passagem de informações à Rússia por parte da Câmara de Lisboa sobre cidadãos russos críticos de…

«O gabinete do primeiro-ministro repudia categoricamente as afirmações, que são pura mentira e difamação em cada uma e todas as suas palavras e decidiu avançar com um processo judicial em sede própria» – assim reagiu o gabinete de António Costa, em declarações ao Nascer do SOL, a acusações do professor Armando Marques Guedes feitas na última quarta-feira na SIC Notícias.

Depois do seu comentário sobre a invasão da Ucrânia, Marques Guedes tinha dito: «Deixe-me fazer um apelo final a uma coisa que me indigna. Escolho bem a palavra: ‘traidores’. Aqui em Portugal, no gabinete do primeiro-ministro, há um embaixador, um coronel e outros oficiais-generais a trabalhar para a Rússia. Isto é uma vergonha!».

As acusações caíram como uma bomba, até porque Armando Marques Guedes não é uma pessoa qualquer. Professor catedrático da Nova School of Law, especialista em geopolítica, foi presidente do Instituto Diplomático no tempo de José Sócrates, quando Diogo Freitas do Amaral era ministro dos Negócios Estrangeiros. É pois um homem que conhece bem o meio diplomático e a área da Defesa Nacional. 

Ora, num país integrante da NATO, a acusação de que no próprio gabinete do chefe do Governo há gente «a trabalhar para a Rússia», constitui tema de enorme melindre. Ainda por cima, não muito tempo depois do escândalo da passagem de informações à Rússia por parte da Câmara de Lisboa sobre cidadãos russos críticos de Putin. 

Surpreendentemente, apesar da importância da acusação, nenhum meio de comunicação social falou do assunto e a própria SIC não voltou a transmitir aquelas afirmações. Sobre o tema caiu pesado um manto de silêncio. Só ontem o Correio da Manhã o abordou (numa página interior), embora noutra perspetiva: o mal-estar que estão a causar nas Forças Armadas certas afirmações de militares que comentam nas televisões a guerra da Ucrânia e que são consideradas abertamente «pró-russas».

Ontem, na CMTV, Marques Guedes reafirmou o que dissera na SIC Notícias, excluindo apenas dos ‘suspeitos’ o major-general Carlos Blanco.