Discurso de ódio é a “pior maneira de respeitar o 25 de Abril”

Augusto Santos Silva comentou a polémica troca de palavras com o Chega.

“O que não é tolerável é que a Assembleia da República ou qualquer outra instituição da democracia portuguesa seja palco para discursos de ódio. Isso seria, aliás, a pior maneira que nós teríamos de falar ou de respeitar o 25 de Abril”.

Palavras de Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, em declarações aos jornalistas no final de uma visita à exposição “Primaveras Estudantis: da crise de 1962 ao 25 de Abril”, que estará patente no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa, até ao próximo dia 28 de agosto. “Devo dizer que a larguíssima maioria das senhoras e dos senhores deputados têm debatido com a vivacidade que a democracia requer e o respeito que a dignidade humana requer”, afirmou a segunda figura institucional do Estado, em resposta a questões sobre os momentos de tensão que se viveram no Parlamento nos últimos meses, nomeadamente entre o presidente da Assembleia da República e a bancada parlamentar do Chega, que chegou a apresentar um projeto de censura ao mesmo.

“Cumprir a Constituição e o Regimento [da Assembleia da República]” é a sua missão, garantiu Augusto Santos Silva, afirmando: “O confronto de ideias é muito importante, deve ser vivo, deve ser aberto, deve ser confrontacional quando é necessário que ele seja, sempre com a cordialidade e o respeito devido entre pessoa civilizadas”.

André Ventura, líder do Chega, reagiu às declarações de Santos Silva, argumentando que o presidente da AR devia ter “coragem” e “pedir a demissão”. Citado pelo Observador, Ventura diz acreditar que Santos Silva “em vez de estar contente com o comportamento que tem tido e em vez de ir levar isso como um reflexo dos valores de Abril”, devia “ter a coragem de se demitir no início desta sessão legislativa”.

longa visita Augusto Santos Silva visitou a exposição, organizada pela comissão comemorativa dos 50 Anos do 25 de Abril de 1974, durante cerca de hora e meia. “Temos que celebrar a democracia virada para o futuro e também por isso, perceber bem como os jovens foram tão importantes nos anos 60 e 70 para que a ditadura terminasse em Portugal”, disse. “É uma boa maneira de perceber porque é que a democracia precisa tanto dos jovens, da ação cívica dos jovens, da participação política dos jovens e, já agora, também de uma maior participação eleitoral por parte dos jovens”, apelou, considerando tratar-se de uma exposição  “imperdível” por isso.