Não foi preciso 19 para entrar em nenhum curso do Ensino Superior

Quase 50 mil alunos já estão colocados no ensino superior. Notas de acesso baixaram.  

As médias de acesso aos cursos mais “difíceis” baixaram este ano e não foi mesmo preciso ter mais de 19 para ingressar em nenhuma escola, o que já não acontecia desde o concurso nacional de acesso ao ensino superior de 2019. As colocações saíram este fim de semana e dão passaporte a quase 50 mil estudantes para a vida universitária, o segundo maior contingente de sempre. O curso com a média mais elevada foi Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto, onde o último colocado entrou com média de 18,9. No pódio encontram-se ainda os cursos de Engenharia Aeroespacial e Engenharia Física Tecnológica do Instituto Superior Técnico, onde se entrou no mínimo com 18,85 e 18,78, respectivamente.

No ano passado, Engenharia Aeroespacial tinha sido o curso com a nota mínima de entrada mais elevada, 19,05, seguindo-se Medicina no ICBAS, com 19,03. Décimas que fazem a diferença na vida dos estudantes e que no passado foram decisivas, numa altura em que se mantêm as regras da pandemia e os candidatos só têm de fazer exames para concorrer ao Ensino Superior. Fazendo as contas a todas as colocações, no ano passado a média mínima de entrada nos cursos distribuídos por todas as universidades e politécnicos tinha sido de 14,16. Este ano situou-se nos 14,14, sendo que é nos cursos com notas mínimas mais elevadas que se nota mais a diferença. No top 30 dos cursos com média mais alta, a nota mínima de entrada tinha sido no ano passado de 18,42 e este ano foi de 18,33.

No extremo oposto, há cinco licenciaturas onde o último colocado tinha uma média inferior a 10, quando no ano passado eram sete. Sobram para a segunda fase do concurso 5284 vagas, o maior número desde 1999, mas a maioria dos cursos não tem vagas para preencher. 

Mais alunos no interior Em comunicado, o Governo destaca que a taxa de colocação  aumentou em quatro pontos percentuais, “demonstrando um crescente ajustamento entre a procura dos estudantes e a oferta das instituições”. Por outro lado, sublinha que dos 49 806 estudantes que seguem para o Ensino Superior, 13 351 foram colocados em instituições do interior, aumentou em 6% o número de colocados em instituições localizadas em regiões com menor densidade demográfica. Uma das áreas de aposta e reforço de vagas para este concurso eram cursos de competências digitais e ciências de dados, tecnologia do espaço e engenharia aeroespacial, com o Governo a sublinhar que é esse o destino de 7327 estudantes, um “aumento de 9% face a 2021”. 

A tutela sublinhou ainda que os 22 cursos apoiados pelo PRR nestas áreas tiveram 520 estudantes colocados, com 16 a ficar já sem vagas. A totalidade de cursos apoiados pelo PRR tiveram 3383 estudantes colocados com uma taxa de ocupação de 94%.

Foram colocados 81 estudantes através do contingente especial para jovens com deficiência, o que representa um aumento de 21% face ao ano anterior e o número mais elevado de sempre, disse ainda o Governo. Foram colocados 484 estudantes pelo contingente especial para emigrantes e lusodescendentes, crescendo 16% face ao ano anterior.
Outro dado destacado pelo Governo é o aumento de estudantes colocados em licenciaturas em Educação Básica aumenta 14%, com 727 estudantes colocados nesta fase.

As universidades e politécnicos, como tem sido habitual, saudaram os seus resultados, desde logo as do Interior. O Instituto Politécnico da Guarda destacou o facto de ter lotação completa em oito cursos. Também a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) deu nota do máximo histórico de alunos admitidos, 1539 no total, um aumento de 10% face a 2021. Para a instituição, trata-se do “melhor resultado de sempre na história da academia transmontana”. 
O Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) destacou também o aumento de alunos nos politécnicos e no interior. “É um incentivo importante para as instituições afiliadas no CCISP e um sinal claro de que o Ensino Superior Politécnico contribui para o desenvolvimento das regiões e está alinhado com o mercado de trabalho, sendo reconhecido pelos estudantes na hora de optaram pelo prosseguimento de estudos após a conclusão do Ensino Secundário”, disse, em comunicado, a presidente Maria José Fernandes.

Também a Universidade do Algarve atingiu a maior taxa de colocação, com 97% das vagas preenchidas. 
Em Sintra, a nova escola do ISCTE fez saber que esgotou todas as vagas das suas primeiras oito licenciaturas. 
Se este será o último concurso com as atuais regras é ainda uma incógnita. A promessa de ser criado um contingente para alunos de escolas TEIP, de zonas mais desfavorecidas, foi adiada pela nova ministra do Ensino Superior para a revisão alargada das regras de acesso, prevista no programa do Governo. Um processo cujos desenvolvimentos Elvira Fortunato já remeteu, no mínimo, para o final deste ano.