Doação dos Kamov é à Ucrânia, mas quem ganha é o Estado português

O envio destes seis helicópteros que precisam de reparações, estando um inoperacional, é uma prenda que poupa dinheiro ao Estado português.  

O caso da frota de helicópteros Kamov, que há anos causam problemas e gastos ao Estado português, foi resolvido. Estas seis aeronaves de combate a incêndios, de fabrico russo, serão enviadas para a Ucrânia. Apesar dos seis precisarem de reparação – estando um deles inoperacional, após ter caído no parque de merendas de Ourém, em 2012 – serão “transferidos no estado em que estão”, explicou a ministra da Defesa, Helena Carreiras, numa conferência de imprensa em Bruxelas. Ainda assim, as aeronaves serão “muitíssimo úteis à Ucrânia e essa cedência foi muito agradecida pelas nossas contrapartes ucranianas”, assegurou.

Trata-se de uma prenda que também poupa muito dinheiro e eventuais embaraços ao Estado português. Recorde-se que os Kamov-Ka-32 foram adquiridos em 2008, apesar de apelos de peritos para que se optasse por outras marcas, dado virem a custo zero, para abater parte da dívida da antiga URSS a Portugal. Anos depois, a transferência da gestão destes helicópteros para a Everjets seria das decisões mais polémicas do então ministro Miguel Macedo.

Entretanto, multiplicaram-se os escândalos, as dezenas de milhões em reparações e peças – nunca se soube o valor exato gasto pelo Estado português. Com as sanções à Rússia devido à invasão da Ucrânia, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação até retirou aos aparelhos a licença para operar.

“Os ucranianos conhecem as condições em que se encontra o material”, declarou Helena Carreiras. Que espera que a “cadeia logística de helicópteros semelhantes” dos ucranianos lhes permita fazer algo com a frota de Kamov.