Hoje, a hegemonia cultural da esquerda decide quem pode ser vítima e quem deve ser apagado.
Neste momento, a Europa é relevante sobretudo no plano simbólico. O seu maior ativo continua a ser um mercado de consumo de grande escala, mas a importância política e económica do espaço europeu diminuiu significativamente em relação a outras potências e blocos.
O liberalismo progressista não compreendeu que certos valores como liberdade, identidade, conhecimento e bem comum não são mercadorias negociáveis. Ao tratá-los como instrumentos, sacrificou-os na ilusão de que todos convergiriam inevitavelmente para um modelo universal. O resultado foi duplamente destrutivo.
Enquanto andamos distraídos com guerras culturais superficiais, ignoramos o que está a corroer os alicerces da nossa civilização
Se na Idade Média o herói era o santo, na Idade Moderna o explorador, e no século XIX o cientista e o patriota, no século XXI o herói é o influencer. A sua missão não é transcender-se, mas acumular likes.
O resultado são guetos urbanos e zonas de não-integração que alimentam insegurança e fragmentação social
O poder social de uma mundividência assenta, pelo menos, em três pilares fundamentais: o poder de facto que abrange o governo político, as grandes corporações, a economia e a cultura.
O mérito será desvalorizado. As quotas identitárias, glorificadas. O objetivo já não será formar cidadãos conscientes, mas indivíduos obedientes a uma ordem pós-identitária e global.
O discurso de ódio vindo da esquerda é mais tolerável do que o da direita? Não. O ódio é eticamente condenável, venha de onde vier.
A pergunta é simples: no caso do eterno conflito israelo-palestiniano, por que motivo defende a esquerda LGBT ocidental, ainda que de forma indireta ou envergonhada, grupos terroristas islâmicos como o Hamas, e manifesta o que parece ser um ódio sistemático e recorrente a Israel e aos judeus?
Uma área específica conquistou um protagonismo desproporcionado: a chamada “igualdade de género”, que, na prática, se transformou numa verdadeira ditadura conceptual, supervisionada por ativismos radicalizados.
Se já não sabemos por que algo é errado, talvez o erro esteja em tudo o resto que aceitámos sem perceber
Qual é, então, a qualidade da nossa democracia à luz deste critério? Débil. Muito débil. Dificilmente vivemos em democracia. Ou, na melhor das hipóteses, vivemos numa democracia de segunda ou terceira categoria.
Em síntese, a visão de direita parte da realidade concreta do ser humano, não de abstrações utópicas. Valoriza instituições sólidas, a liberdade com responsabilidade, a moral como base da vida comum, e afirma a identidade e a soberania dos povos como pilares da civilização.
Não existe uma experiência histórica sólida em que regimes ou políticas de esquerda radical, tal como de direita radical, tenham produzido sociedades mais livres, prósperas ou pluralistas.
O predomínio da visão liberal no Ocidente favoreceu a redução da identidade a um dado administrativo e jurídico, esvaziado de substância histórica. A pertença nacional passou a resumir-se a um contrato legal: um passaporte, um número fiscal, um registo civil.
Este novo moralismo ideológico funciona como uma grelha de interpretação: se a esquerda agride, é ‘resistência’; se ofende, é ‘arte’; se odeia, é ‘legítima defesa’.
A liberdade de expressão termina onde começam as sensações do outro
Quando o discurso da liberdade ignora a existência do outro, especialmente do mais vulnerável, abre espaço a decisões que, sob a máscara da autonomia, negam a humanidade partilhada. A vida do nascituro, frequentemente reduzida a uma mera “variável” na equação da liberdade pessoal, exemplifica essa perigosa desumanização.