Engenharia na Proteção Civil ou Engenharia de Proteção Civil?

Corria o ano de 2010 quando a Ordem dos Engenheiros fez publicar um número completo da sua revista Ingenium (N.º 116) dedicada ao tema ‘Engenharia na Proteção Civil’ abordando as contribuições de diferentes engenharias para a atividade da Proteção Civil. Quase 10 anos depois, pode questionar-se se a perspetiva que está sublinhada no ‘na’ será…

Corria o ano de 2010 quando a Ordem dos Engenheiros fez publicar um número completo da sua revista Ingenium (N.º 116) dedicada ao tema ‘Engenharia na Proteção Civil’ abordando as contribuições de diferentes engenharias para a atividade da Proteção Civil. Quase 10 anos depois, pode questionar-se se a perspetiva que está sublinhada no ‘na’ será adequada.

Hoje, é reconhecido que a Proteção Civil constitui um espaço autónomo de convergência de conhecimento técnico, trabalho, atitude e responsabilidades que não encontra resposta nas formações de engenharia tradicionais, exigindo abordagens formativas inovadoras. Entre estas, destacam-se as licenciaturas em Engenharia de Proteção Civil.

Os cursos ministrados (Universidade Lusófona do Porto e ISEC) são ainda insuficientes para as necessidades do País, mas a adesão das grandes universidades públicas a este processo parece estar também a acontecer e terá consequências positivas: além de se traduzir numa maior disponibilidade futura de diplomados para o mercado de trabalho, será seguramente uma mais-valia para a própria aceitação destas novas formações académicas junto de jovens e suas famílias, como alternativas válidas aos cursos mais convencionais.

Será de estar com atenção a estes novos cursos. Com formações de base em ciências exatas e de engenharia, os planos de estudos dos cursos de Engenharia de Proteção Civil têm a característica comum de aliarem competências científicas e de investigação ao treino intensivo em vastos domínios técnicos, com destaque para matérias que vão desde estudos de risco, sua avaliação, prevenção e gestão e suas implicações no planeamento do território, às matérias pertinentes da segurança contra incêndios, do planeamento de emergência e da gestão de crises, nalguns casos, mesmo, da auditoria e peritagem de segurança, com recurso a ferramentas tecnológicas modernas.

Crê-se que, com esta perspetiva para o Superior e também com o esforço do Ensino Básico e Secundário para cumprir o Referencial de Educação para o Risco, se estão já a formar os tão necessários profissionais do Futuro, verdadeiros agentes para uma mudança de paradigma na Proteção Civil. Entretanto, as regras de contratação serão também mais restritivas que hoje, potenciando a empregabilidade destas novas formações.

Artur Fernandes Costa
Coordenador da Licenciatura em Engenharia de Proteção Civil, da Universidade Lusófona do Porto