O meu filho reclamou que devia ter nascido mais cedo para poder viver mais tempo comigo. Os filhos culpam os pais de tudo, até de morrermos.
Ceder ao extremismos é como deixar que os nossos filhos invadam o Capitólio. E quem fica a limpar o chão somos nós.
Em 2024, são as mães que passam mais tempo com os filhos as principais responsáveis pelas tarefas domésticas e que carregam a culpa das falhas. A pressão, cultural e social, está sobre elas. E o insucesso escolar dos filhos também.
Quando uma escola pública é boa, quer dizer que é boa apesar do sistema. Já uma escola privada tem a obrigação de ser pelas condições que tem. Numas e noutras depende essencialmente do corpo docente e dos diretores.
O mundo está barulhento. Dos telemóveis aos gritos, à grotesca cerimónia dos Jogos Olímpicos, passando pelos insultos nas redes sociais, parece que o sossego foi e férias.
O tudo incluído é democrático e global. Somos todos iguais porque temos direito ao mesmo número de bebidas cor de laranja que o vizinho do Rolex. E é global porque não se tem como destino um país mas sim uma cadeia de hotéis.
Os pais educam com a ajuda do Excel enquanto as mães fazem gatafunhos numa tela em branco convictas que estão a criar obras de arte. Foram séculos disto e a genética é teimosa.
Um dos meus filhos chegou desfasado do resto dos irmãos e tem crescido como filho único: é mimado. Nem se espera pelos anos do menino para lhe dar o novo equipamento do Benfica.
Os jornalistas estrangeiros ficaram a saber que o contacto mais importante do país é o do neto do Presidente. A minha avó também tinha netos preferidos, o azar deles é que não era Presidente de nada.
Sara Rodi. Autora de mais de quarenta livros para crianças, jovens e adultos, é também argumentista em diversos produtos de ficção televisiva e tem 4 filhos.
Quem são eles, por que emigram, o que pensam e porque é que os nossos políticos não lhes servem?
Se dantes nos diziam para não aceitarmos doces de estranhos porque podiam ter droga, agora as mães ensinam os filhos que não devem aceitar as bolachinhas da avó porque são a própria da droga.
O tema desta semana é a escola. Um retrato fiel da realidade escolar relatado por quem acompanhou várias gerações.
Não ter um telemóvel nesta década equivale a não ter uma bola de catchu mas uma bola de trapos ou brincar com uma boneca de trapos em vez da Barbie na década de 80. E faz menos barulho.
Como explicar aos nossos filhos o que se passa na política portuguesa? Tarefa difícil mas possível. É só encontrar os paralelismos certos.
António Mateus, como repórter de guerra, testemunhou e relatou os horrores nas zonas de conflito em vários países de África ou na Ucrânia.