João Moita, poeta e autor da nova tradução da obra poética de Rimbaud, fala sobre o seu percurso e evoca a experiência e as dificuldades levantadas por este trabalho. ‘Parti para a tradução como o pugilista destreinado para o saco de boxe’
Tudo o que de significativo nos deixou foi composto entre os quinze e os vinte anos. Depois renunciou à poesia, um gesto que continua a desconcertar os seus admiradores. A obra poética de Arthur Rimbaud surge agora numa nova edição da Assírio & Alvim, com tradução de João Moita
Depois de uma esmerada educação nas melhores instituições da capital francesa, o poeta martinicano a quem Sartre chamou o “Orfeu negro” regressou ao seu país natal como quem mergulhasse no inferno, fervendo as suas memórias para fazer afluir à tona as suas impurezas, toda a humilhação e opressão a que a sua raça fora sujeita.
O nojo é próprio dos cobardes e dos assassinos de toda e qualquer forma de humanidade – até mesmo da poesia
Num cruzamento avassalador de testemunhos, cartas e outros documentos, a nova biografia de Herberto Helder vale por si só como o retrato de um espírito voraz, denso e contraditório, cheio de argúcias, de perversidade e de um génio maiúsculo. Afinal, o homem era maior do que o seu mito.
Saiu novo número da revista de poesia, desta vez com atenção pelos mais novos, os habituais deslumbramentos fictícios, tendo a encomenda ficado a cargo de um só antologiador, que veio impingir o elenco da sua preferência na última década e meia, numa composição ziguezagueante, desnorteada, oferecendo-nos outra manifestação de pechisbeque
Em 1818 o casal mudou-se para Itália. E foi aí que Percy teve o seu período mais criativo. Entre outros poemas escreveu ‘Ozymandias’, um soneto inspirado numa escultura colossal de Ramsés II. E ‘To a skylark’, que descreve um passarinho com que ele e Mary se cruzaram num passeio pelo campo
Depois de um dilacerante livro de memórias sobre o cancro que lhe foi diagnosticado em 2014, Boyer notabilizou-se como uma das autoras norte-americanas que melhor tem sabido confrontar os tabus sociais da nossa cultura
Numa sensibilidade de fim do mundo, tão ao gosto do imaginário contemporâneo, Catarina Costa dá-nos uma poesia em tons bastante sóbrios, sem qualquer desespero ou melancolia, que se limita a cartografar a transformação da catástrofe em lugar-comum.
1937-2025. O poeta brasileiro sofria de Alzheimer desde 2017.
Perto dos noventa, e com a morte a dominá-lo, o poeta lança-se num assalto decisivo, trazendo a memória de quantos corpos e amores lhe serviram de ímpeto e que, à medida que se sente arrastado, lhe permitem ainda desferir uma série de soberbos golpes nesta derradeira inimiga
1939-2025. Do lado dos clássicos e da natureza, fez disso a sua lucidez.
Figura romântica exilada da sua época, Dylan Thomas teve uma vida adulta marcada por uma série de tumultos. Uma nova e algo inepta tradução, que nos chega pela mão de Frederico Pedreira, oferece-nos um bom motivo para revisitar os versos do bardo galês e perceber o que se perdeu no trânsito entre as duas línguas
Adília fez sempre um jogo bastante perigoso, e a notícia da sua morte soou abrupta como a ferida de uma última cesura.