Montenegro deve levar a sério o aviso de Mário Centeno, mesmo sabendo-se que se trata de um juízo solitário, já que nenhum dos organismos nacionais e internacionais o secundam.
O tempo de Sócrates podia ter sido excelente para o país. Mas acaboupor ser desgraçado, em consequência de uma desmedida ambição pessoal, que roçava a paranoia.
«Governar para as pessoas» é uma frase muito bonita mas, além de populista, é um erro estratégico. Os governos têm sobretudo de pensar no futuro dos países – mesmo que, aqui e ali, isso seja contrário aos interesses imediatos das pessoas.
Nem por encomenda se teriam reunido melhores condições para Gouveia e Melo ser Presidente da República.
Uma greve no Estado ou no setor privado são coisas completamente diferentes. Do ponto de vista económico e de quem é afetado. Uma greve na Função Pública não afeta o ‘patrão’, os acionistas, mas sim os ‘clientes’, ou seja, a população.
Mais uma vez ficou à vista que a esmagadora maioria dos nossos comentadores não tem qualidade, não tem coragem e não tem pudor. É incapaz de fazer análises ajustadas à realidade, tem medo de ir contra a corrente e diz muitas vezes no dia seguinte às eleições o contrário do que disse na véspera.
O Chega, que ultimamente tenho criticado pela estratégia errada que seguiu no OE, teve a virtude de equilibrar os pratos de uma balança que há meia dúzia de anos, nestas questões da ordem, se inclinava totalmente para a esquerda.
Existem às vezes maiores diferenças dentro do mesmo partido do que entre o PS e o PSD. Fernando Medina, por exemplo, com a sua obsessão das ‘contas certas’, podia perfeitamente ser ministro das Finanças do PSD. Já Marta Temido não poderia ser em caso nenhum ministra de um governo social-democrata.
O primeiro-ministro não aproveitou este momento para precipitar eleições antecipadas – e ainda irá arrepender-se por não o ter feito. A AD não deve voltar a encontrar ocasião tão boa como esta para ir a eleições.
Pedro Nuno Santos e André Ventura têm qualidades óbvias, mas nesta novela revelaram uma apreciável imaturidade. Nisso, Luís Montenegro bateu-os por KO.
A partir das últimas eleições, o Chega deparava-se com uma escolha decisiva: continuar como partido de protesto ou assumir uma posição construtiva. Prosseguir na tarefa de demolição das instituições ou começar a participar na construção de uma alternativa.
O relatório da IGF só serviu para lavar as mãos de Pedro Nuno Santos, o grande responsável pela hemorragia de dinheiros públicos com a reversão da venda da TAP. E, de caminho, atirar lama para Maria Luís Albuquerque e Miguel Pinto Luz, que pouco tiveram que ver com o caso.
Considero Maria Luís Albuquerque uma excelente escolha para a Comissão Europeia. Não acreditem nas vozes daqueles que a desmerecem. Só há um pequeno problema na decisão de a enviar para Bruxelas.
Uma mudança de sistema eleitoral permitirá matar dois coelhos com uma cajadada: ter governos maioritários e, ao mesmo tempo, fazer uma regeneração profunda da classe política e do modo como a sociedade a vê.
Como os seres humanos são desiguais, têm características e capacidades diferentes, só é possível impor a igualdade através de mecanismos repressivos, que cortem as cabeças dos que se destacam.
Montenegro era o homem que vinha do Norte com dinheiro no bolso e muito boa vontade para resolver os problemas. E está a conseguir fazer passar essa ideia. De uma forma geral, é visto como um homem sério, esforçado e bem intencionado. Mas esse tempo não pode durar muito.
As únicas medidas que o Governo consegue fazer aprovar e pôr em prática vão no sentido de aumentar a despesa. E as propostas que o PS e o Chega aprovam vão na mesma direção. Nos dias que correm, nem os comentadores gostam de ser impopulares.
Cavaco Silva também constatava recentemente que Portugal está ingovernável, e propunha duas soluções: ou novas eleições ou um entendimento ao centro, com exclusão dos extremos. Ora, ambas as soluções… não são solução.
A rapidez com que António Costa se demitiu surpreendeu-me. E a justificação – para «defender a dignidade da função» – pareceu-me chocha. Tratava-se obviamente de uma frase ‘para português ver’. O motivo tinha de ser outro.