António Costa abre porta a governo alargado à esquerda

António Costa quer “vencer tabus” e deixa a portar aberta a um governo alargado à esquerda. Na apresentação da candidatura a líder do PS, esta noite, em Lisboa, Costa rejeitou uma coligação com o PSD e garante que o PS tem que ser “forte” para que possa haver um “diálogo construtivo” à esquerda, que nunca…

“O país precisa de vencer tabus e conseguir fazer um diálogo alargado à esquerda que seja construtivo e não sirva só de oposição à direita”, afirmou Costa, rejeitando uma coligação com um PSD que os portugueses já disseram que “não queriam essa política”.

“Nunca fechei essa porta e nunca fecharei”, continua Costa, referindo, no entanto, que a experiência lhe diz que “não basta ter a porta aberta”.

Costa questiona, ainda, “como é que uma coligação de partidos fraquinhos faz um governo forte” para pedir um “PS forte”. Nas próximas legislativas o PS tem que ter uma “vitória histórica”, que não teve nestas Europeias, segundo Costa, porque só isso trará a mudança e não apenas uma mudança de caras.

“Quem se conforma com uma vitória pequenina é porque já se conformou que não vai fazer a diferença e não vai fazer a mudança”, afirmou Costa, num recado a Seguro. “Não podemos querer o poder pelo poder”, sublinhou Costa, noutro recado ao líder do PS que esta semana criticou Costa por avançar quando o partido “tem quase a certeza absoluta que ganha as eleições”.

Pacto orçamental "no seu devido lugar"

Para o presidente da Câmara de Lisboa, o país precisa de um governo “forte que se bata pelas mudanças necessárias na Europa”. Já Ferro Rodrigues afirmou que o Pacto Orçamental deverá ser colocado “no seu devido lugar, sem admissão de ortodoxias punitivas”. “É uma luta difícil, que exige coragem, determinação e ousadia que António Costa possui. É o homem certo para começar a travar fortemente essa luta”, afirmou o ex-Secretário-Geral do PS, que esta semana anunciou o seu apoio a Costa. 

Ferro Rodrigues afirma que há um “imperativo nacional” para lutar na União Europeia de modo a haver um “peso dominante” de políticas de crescimento e emprego e não de austeridade.

Costa contra alterações à lei eleitoral

O candidato à liderança do PS manifestou-se contra as alterações à Lei Eleitoral, numa crítica ao líder do PS, António José Seguro, que já propôs uma redução do número de deputados na Assembleia da República dos actuais 230 para 180. 

Ao longo do discurso, Costa traçou um retrato negro do país que, disse, está “seguramente pior”. Por isso é urgente travar a “dinâmica de retrocesso social” que está a empobrecer e fragilizar o país, uma “lógica de confronto permanente” que coloca “todos contra todos” na sociedade.

Costa falava para mais de mil pessoas, no Tivoli, em Lisboa, onde se incluiam rostos conhecidos de ex-governantes de José Sócrates, como Maria de Lurdes Rodrigues, deputados, por exemplo, Marcos Perestrello, João Galamba e Duarte Cordeiro e alguns históricos do partido como Ferro Rodrigues, Mário Soares e João Cravinho.