Em causa, acusam os encarregados de educação dos alunos do agrupamento da Maia está o facto de a escola não ter enviado a tempo para o Ministério da Educação (ME) o pedido de mobilização especial do professor que coordena o Alma Mater Artís. Os pais ameaçam agora apresentar uma queixa-crime por omissão de acto devido e por danos morais contra a direcção do agrupamento.
“Ainda não foi esclarecido se a Escola tem vontade de manter o professor Alexandre Teixeira nas horas lectivas necessárias para o desenvolvimento do projecto, tendo sido sempre essa a questão colocada e não respondida”, lê-se na carta, a que o SOL teve acesso, enviada ao director do AEAS, Manuel Ferreira.
Questionado pelo SOL, o responsável rejeitou responsabilidades, argumentando que “as recandidaturas [em que as escolas indicam o ME os docentes de que necessitam para manter determinadas actividades específicas] ainda não foram feitas porque ainda não abriram” e que a “direcção da escola tem todo o interesse na continuidade do projecto”.
Mas os pais, que atribuem o sucesso escolar dos filhos a este projecto com sete anos de vida e de troféus, desmontam esta versão, no próprio pedido de esclarecimentos enviado também à tutela: “É do nosso conhecimento o facto de a Escola ter tido a oportunidade de, até ao dia 18/06, comunicar ao Ministério da Educação em plataforma informática própria o pedido de continuidade, quer do projecto quer da mobilidade do professor Alexandre Teixeira, que não fez”, referem, sublinhando que o prazo tinha sido alargado até ao dia 24.
“A direcção diz-nos que o projecto é para manter, mas não garante a continuidade do professor Alexandre”, conta Amélia Teixeira, uma das encarregadas de educação que assinaram a carta. “Mas”, continua, “o professor Alexandre esteve à frente deste projecto durante todo este tempo e é o único capaz de o conduzir. Estamos a falar de alunos que já atingiram um determinado patamar. Não há outros docentes capazes de manter este projecto”.
Queixa-crime por omissão de acto
Já durante este ano lectivo, garantem os pais, os alunos sentiram falta de estabilidade e “desânimo”, após a saída do professor, que acabaria por ser reintegrado apenas em Dezembro, ou seja no final do primeiro período. “Muitos baixaram as notas e o grupo, que tinha então 123 alunos, passou a ter cerca de 75”, explica Amélia Teixeira. “A minha filha é uma excelente aluna, sempre adorou ir para a escola e até ela baixou um pouco as notas devido a toda a instabilidade”, precisa.
Alice Barros, mãe de Inês, que este ano entrou no nono ano, na Escola Soares Reis, nota a importância do Alma Mater Artís para a filha. “Ficou triste, sentia que lhe faltava qualquer coisa, porque naquela escola a dança não tinha o nível a que estava habituada. Acabou por pedir para integrar este grupo. Agora não falta a nenhum treino”, conta. E sublinha: “São cerca de 35 alunos que estão no nível avançado de dança. Não há ninguém que possa ensiná-los a não ser o professor Alexandre. Por isso, se o professor sair, o projecto fica em causa. E a escola não está a ajudar”.
O docente Alexandre Teixeira, efectivo na Escola Secundária de Ermesinde, também lamenta o facto de a escola não ter enviado a candidatura para a mobilidade a tempo. “Senti imensa pressão por parte da escola quando voltei em Dezembro. Todos fomos campeões nacionais e, em muitos espectáculos, passámos a mensagem de repressão que sentimos”, conta arriscando a única explicação para esta nova tentativa de o afastar de Águas Santas. “Penso que a direcção da escola se sentiu desautorizada”.
Após o pedido de esclarecimentos, a direcção da escola marcou uma reunião com os encarregados de Educação para amanhã, sexta-feira. Se nada for feito, os pais garantem avançar com uma queixa por omissão de acto, pelo pedido não enviado ao Ministério, e por danos morais, devido à instabilidade causada aos seus filhos.