“É dos livros de ciência política. Num confronto interno o partido encolhe, mas depois há um 'efeito-foguete': não há como um confronto interno para fazer disparar a adesão”, diz o responsável pela empresa Eurosondagem.
Recentemente, Matteo Renzi em Itália e antes dele François Hollande, em França, dispararam nas sondagens depois de terem vencido confrontos nos respectivos partidos da área socialista. Em Portugal, José Sócrates também chegou ao poder rapidamente, após eliminar a concorrência interna de Manuel Alegre e João Soares. Meses depois das eleições internas, obteve a primeira maioria absoluta (e única) da história do PS.
'Confronto interno é a melhor vitamina'
Dez anos antes, António Guterres chegou ao poder, depois de apear o secretário-geral Jorge Sampaio. “O confronto interno é a melhor vitamina para quem o ganha”, defende Oliveira e Costa, acrescentando que o PS tem margem para crescer. “Só não consigo medir o aumento que se irá verificar”, diz o especialista em sondagens. Desde o início da crise interna, o PS, que chegou a ter 38% de intenções de voto, baixou até aos 32,1% no último mês.
No campo costista há quem lembre que a última sondagem que interessa, para apurar responsabilidades sobre o efeito da crise interna, é o resultado das europeias: o partido teve 31,5% dos votos. “É ridículo culpar António Costa”, diz fonte da candidatura.
Para Seguro, as contas têm de se fazer indo buscar resultados mais atrás. Em Junho de 2011, o PS teve 28% dos votos nas legislativas que ditaram o afastamento de Sócrates do poder. Na primeira sondagem após esse acto eleitoral, o PS cairia ainda mais, para 25%. Seguro levou um ano e meio para levar o partido aos 35% e, a seguir, quase um ano para chegar ao pico dos 38%.
Mas o que Seguro vê como mérito, os opositores internos desvalorizam. “Perante a mais grave crise, perante a política de austeridade mais violenta, infelizmente o PS não conseguiu convencer os portugueses que é uma alternativa”, diz Ana Catarina Mendes, justificando a candidatura de António Costa.