O projecto dos socialistas que acompanhou a discussão da petição “Preparar a reestruturação da dívida para crescer sustentadamente” – vertida do Manifesto dos 74, assinado pelo líder parlamentar do PS, Ferro Rodrigues, e outros deputados como João Galamba, Pedro Nuno Santos, Pedro Delgado Alves e Eduardo Cabrita – não referia em momento algum a palavra reestruturação e era mais recuado que a petição.
Foi o PCP que abriu as hostilidades, lembrando que o PS nas anteriores votações a projectos sobre a dívida “sempre se juntou ao PSD e CDS” para rejeitar essas propostas. Para o deputado comunista Paulo Sá, convém perceber se os “recentes discursos sobre a renegociação são genuínos ou uma ilusão de mudança com vista às próximas eleições”.
As críticas aos socialistas continuaram com o PSD a recorrer à ironia. “Será que deu à costa para ganhar eleições sem abrir a boca? Esperemos que ninguém se esconda atrás do biombo para evitar o debate e ter uma posição oficial ou esconder a incoerência entre os cidadãos que subscrevem uma coisa e os políticos que a não assumem na sua plenitude”, afirmou o deputado social-democrata, Nuno Reis.
Também o CDS cavalgou a onda afirmando que o PS, “em cuja bancada se sentam peticionários, se esqueceram de uma parte da petição”. “Ganham o prémio do ano da má memória”, disse a deputada centrista Cecília Meireles.
O vice-presidente da bancada do PS com o pelouro das Finanças, Vieira da Silva, evitou mencionar a palavra reestruturação, tendo a seu lado na bancada Ferro Rodrigues, Pedro Nuno Santos e João Galamba, que assinaram a petição. “Não há respostas simples para o problema do endividamento. A situação interna e externa é complexa, exigente e tem enormes fragilidades. Mas isso não nos pode impedir de abordar com coragem e profundidade o problema do endividamento e procurar respostas para o problema”, disse. O PS pretende um debate alargado sobre a questão da dívida, enquanto a petição apresentou propostas concretas para a reestruturação da dívida.