O Bloco Central é mau para a democracia, defendeu. "O pior" disse é "o empastelamento, o pântano" uma situação em que é "tudo é farinha do mesmo saco". O Bloco Central serve para "alimentar não a democracia mas os extremismos".
Costa quis "desfazer um equívoco", o de que "os nomes contam". Referiu o nome Pedro, que é do seu filho, e saiu-se com uma tirada, "Pode ser Pedro, pode ser Rui", que não faz a diferença. Uma referência ao nome de Rui Rio que, ficou claro, e apesar das aproximações que o líder do PS tem feito, não será tratado de maneira diferente de… Pedro Passos Coelho.
No seu discurso, afirmou a necessidade de uma maioria absoluta, contextualizando o pedido com as dificuldades de um ciclo político em que o Governo e o PR terminam o mandato com poucos meses de diferença. O PS tem "a ambição de oferecer a Portugal um governo estável", porque "o país precisa de estabilidade" e "não pode estar cinquenta e tal dias à espera de um coligação", com o Presidente da República "diminuído", já em final de mandato", o país "ficaria longos meses entregue à incerteza" e prolongaria "a agonia do actual Governo".
Costa promete governar à esquerda, nas ideias. E inclui a esquerda das alianças, mesmo que tenha maioria absoluta. Porque "hoje ninguém pode governar sozinho", o PS "quer uma maioria aberta". E apela aos partidos desta área politica para não continuarem "na posição cómoda do protesto" e venham "ajudar na solução".
"Rejeitamos o conceito de arco político da governação. Ninguém se pode substituir ao povo a excluir alguns partidos", afirmou. O líder socialista deixou uma palavra especial para o Partido Livre, que "procura romper o bloqueio da incomunicabilidade à esquerda" e um recado para o PCP e o BE: "a vida e a minha experiência em Lisboa ajudou-me a não ter excessivas ilusões".
Se nas legislativas, Costa deixou claro a recusa de alianças ao centro, nas presidenciais o leque ficou mais aberto. É importante para o PS terminar com o "sonho da direita de uma maioria, um Governo, um Presidente", que com este Governo e Cavaco Silva "se transformou num pesadelo para os portugueses". Uma passagem do discurso que mereceu uma valente vaia dos congressistas.
O presidente apoiado por Costa pode sair "das fileiras do PS ou da área política do PS". Sintetizando o modelo de PR ideal, afirmou querer "um Presidente da República que renove o orgulho que todos tivemos nas presidencias exemplares de Mário Soares e Jorge Sampaio". Ambos estavam sentados na primeira fila do congresso.
Costa começou a falar à uma em ponto. Sem a música ou os efeitos de luz que Sócrates e Seguro não dispensavam nos congressos. No cenário, a palavra "Confiança", que substituiu a "Mudança" do dia anterior.
As suas primeiras palavras foram para a unidade interna, saudando o PS "mais forte, mais vivo e mais unido" que saia deste congresso. "O PS é um partido uno, forte e determinado a merecer a confiança dos portugueses" e "centrado nos problemas dos portugueses".
De seguida, enumerou vários pontos que mostram a "visão estratégica clara do que o PS quer para o País". Um modelo que "recusa o empobrecimento, a baixa dos salários". Sublinhou que com ele, os socialistas entram numa "batalha sem tréguas pela dignificação do trabalho".
Na Europa, Costa diz ter uma "agenda centrada na defesa nos interesses de Portugal na Europa", que se bate por "uma moeda única que não gere prosperidade e não só para alguns". O líder socialista bate-se por um "programa de recuperação que permita recuperar o músculo e sarar as feridas" depois do período de austeridade. E quer "um novo equilíbrio dos recursos financeiros alocados ao serviço da dívida", com os recursos para as pensões e o investimento.
manuel.a.magalhaes@sol.pt