"Mantemos a acusação séria ao Governo de não assegurar a defesa do interesse nacional. Executou obedientemente todas as imposições da 'troika', acatou todo o tipo de condicionamentos. Reagiu às eleições na Grécia, dizendo tratar-se de um 'conto de crianças' a proposta de renegociação da dívida. É um exemplo de como quer ficar bem na fotografia para os grandes interesses económicos", afirmou Jerónimo de Sousa, no debate parlamentar quinzenal.
Passos Coelho garantiu que "o comportamento do Governo defende os interesses dos portugueses e de Portugal", ao contrário de "vários partidos da esquerda parlamentar".
"A Grécia renegociou a sua dívida, aliás foi o único país na Europa que o fez. Teve um 'haircut' (corte) e isso foi feito à custa da solidariedade europeia. Portugal, entre 2010 e 2011, fez empréstimos bilaterais de quase 1.100 milhões de euros à Grécia", lembrou o líder do executivo da maioria PSD/CDS-PP, reforçando discordar de que uma eventual renegociação da dívida portuguesa "seja uma vantagem para Portugal".
O primeiro-ministro desejou que a Grécia "consiga resolver os seus problemas", mas sublinhou que o Governo helénico deve também "respeito aos dos outros países", pois "não há povos de primeira, de segunda ou de terceira".
"Há uns (Estados-membros da UE) mais iguais que outros. Demonstrou aqui que o primeiro-ministro português está mais do lado da senhora Merkel (chanceler alemã) do que dos interesses nacionais", analisou o secretário-geral do PCP, exemplificando com as anunciadas privatizações de TAP, EMEF e CP Carga e aquilo que considera ser a ingerência da Comissão Europeia em assuntos e sectores estratégicos internos.
Passos Coelho admitiu haver "vantagens e desvantagens" por Portugal estar "dentro da UE" e até "inconvenientes", mas avaliou que, no cômputo geral, "Portugal tem ganho claramente com o projecto europeu, apesar de todas as vicissitudes".
"Quando se faz parte de um projecto destes, tem de se cumprir as regras (sobre a concorrência e ajudas estatais). São boas regras, não são más. O PCP preferiria uma intervenção discricionária", contrariou o chefe de Governo, sublinhando que "a melhor maneira de manter" a TAP, "mantendo as regras, é privatizá-la".
Lusa/SOL