Direita não rejeita Marinho

Com a renovação da coligação PSD/CDS a ser dada cada vez mais como certa – e o calendário a apontar para Abril – as dúvidas persistem quanto ao facto de os dois partidos juntos serem suficientes para vencer as legislativas e com maioria.

Direita não rejeita Marinho

E é aí que entram dois factores nesta equação: faz sentido alargar a coligação a independentes ou até mesmo a outros partidos? E com quem se poderão PSD e CDS juntar depois das eleições para formar a desejada e necessária maioria absoluta?

Se em relação à inclusão de figuras independentes nas listas não existem quaisquer reservas quer do lado dos sociais-democratas quer do lado dos centristas, já em relação ao alargamento da coligação pré-eleitoral a outros partidos – como sucedeu já no passado com o PPM ou o MPT – os dois partidos do Governo são unânimes em rejeitar esse cenário. “As experiências do passado mostraram que não se retiraram daí grandes dividendos”, sustenta um dirigente do CDS.

Porém, no que diz respeito aos independentes – que também já vem sendo hábito, não só no PSD como também no PS, integrarem as listas partidárias – a maioria não acredita que seja esse o factor determinante para vencer as eleições. “Tudo o que for artificial não tem valor. E não é por pôr três ou quatro figuras independentes de peso nas listas que o PSD vai conseguir convencer mais gente a votar e dar a vitória ao partido”, defende um dirigente social-democrata.

'Vai ser tudo aritmética pura'

“A geometria vai ser muito variável”, diz um membro da direcção de Passos Coelho, que assume a dificuldade de fazer previsões sobre como se poderá garantir uma maioria absoluta, caso PSD e CDS não consigam os votos suficientes. “Depois das eleições vai ser tudo aritmética pura”, reforça um vice-presidente do PSD.

A imprevisibilidade deixa todos os cenários em aberto. Até a possibilidade de uma aliança pós-eleitoral com o partido de Marinho e Pinto – uma hipótese mais ponderada no PSD do que no CDS. E ainda assim, sublinha-se no PSD, “é preciso ver se o Marinho Pinto vai ser capaz de dar a maioria a alguém”.

Entre os centristas existem mesmo dúvidas não só de que os votos que venham a ser alcançados por Marinho Pinto sejam suficientes mas também de que o próprio esteja interessado em formar Governo com PSD e CDS.

Outra hipótese que não é descartada é a de um novo Bloco Central, com António Costa, naquele que é o cenário mais temido. “Depois disso acontece o quê?”, questiona-se outro dirigente social-democrata.

“Tanto o PSD como o PS estão a contar com o Marinho e Pinto, caso precisem para alcançar uma maioria absoluta”, admite um deputado social-democrata, explicando que nada está completamente excluído.

Já um membro da direcção de Paulo Portas arrisca antecipar que “o pós-eleições passará muito pelos três partidos, PSD, PS e CDS”.

PS prefere Livre mas admite PDR

Do lado do PS, o discurso oficial insiste que o objectivo é a maioria absoluta. Mas se os resultados das eleições não o permitirem há quem acredite que uma coligação com o Movimento Tempo de Avançar, de Rui Tavares, Daniel Oliveira e Ana Drago, chegue para alcançar uma maioria para governar. “Há um partido a despontar que tem um discurso de disponibilidade para governar com o PS e o resultado dos dois pode ser suficiente”, afirma ao SOL um dirigente socialista.

Já quanto a uma possível aliança com o PDR de Marinho Pinto, a mesma fonte é mais cautelosa mas não rejeita à partida. “Ainda não conhecemos o que propõe”, sublinha.

No Congresso do PS, em Novembro, António Costa já tinha dado o Livre como o parceiro preferencial, recusando a direita. “Não temos partidos de direita anti-austeridade. Olho para o PSD e CDS e não vejo que tenham aprendido o que quer que seja com a crise”, corrobora o vice-presidente da bancada do PS, Pedro Nuno Santos.

*Com Sónia Cerdeira

sofia.rainho@sol.pt

margarida.davim@sol.pt