Passos Coelho espera que greve na TAP não impeça privatização

O primeiro-ministro afirmou ontem esperar que a greve na TAP não impeça a privatização da empresa e considerou que os pilotos devem pensar nas suas acções, reiterando que o Governo não vai intervir no processo.

Em declarações aos jornalistas, no Museu da Electricidade, em Lisboa, Pedro Passos Coelho disse esperar que a greve dos pilotos da TAP não tenha "o resultado mais indesejado de todos, que era o de nem se conseguir fazer a privatização da TAP nem se poder defender o emprego na TAP e a sua função tão importante para a economia nacional".

Passos Coelho, que falava durante uma iniciativa da Fundação EDP, reiterou que "o Governo não vai interferir nesse processo" e que o recurso à requisição civil está "fora de hipótese", declarando: "Não vamos andar a fazer requisições civis de cada vez que alguém quiser fazer uma greve, não é para isso que existe a requisição civil. Os pilotos devem pensar nisso. Não é o Governo, são os pilotos é que devem pensar nisso. E eu espero que pensem maduramente nisso".

"Os pilotos serão responsáveis pelas suas acções", disse.

Quanto à actuação do executivo, afastou qualquer intervenção para travar a greve de dez dias convocada para a partir de 01 de Maio – sustentando que a requisição civil decretada em Dezembro resultou de "circunstâncias muito especiais", porque se estava numa época entre o Natal e o ano novo, "em que muitos portugueses tinham as suas visitas à família planeadas" – e qualquer negociação com os pilotos.

"O Governo fez uma negociação de boa-fé, tem-na cumprido, transpô-la para o caderno de encargos do processo de privatização. Não vai voltar a negociar aquilo que já negociou, e espera sinceramente que os prejuízos sejam o menos possível para o próprio futuro da empresa", declarou.

O primeiro-ministro começou por reafirmar que, no seu entender, "uma greve dos pilotos da TAP nos termos em que foi preanunciada só prejudica a própria TAP e prejudica gravemente", para além de afetar a "economia nacional".

"À medida que o tempo vai passando, digamos que não há forma de remediar esses problemas, porque os cidadãos precisam de ter previsibilidade quando fazem as suas marcações", prosseguiu.

Passos Coelho acrescentou que "a imprevisibilidade, mesmo quando há negociação e quando se fecha um entendimento e ele depois não é cumprido" é algo que "as empresas penalizam fortemente" e considerou que "a TAP irá ressentir-se fortemente disso".

"Tenho muita pena que isso aconteça", lamentou.

Depois, voltou a defender que o futuro da TAP depende da sua privatização e afirmou que o Governo espera que esse processo tenha sucesso.

"Esperamos portanto que estas greves, que terão sempre um impacto negativo, não tenham um impacto tão negativo que ponham em causa estes processos, porque isso seria a pior forma de ter o resultado mais indesejado de todos, que era o de nem se conseguir fazer a privatização da TAP nem se poder defender o emprego na TAP e a sua função tão importante para a economia nacional", concluiu.

Lusa/SOL