Passos ataca SMS de Costa

Passos pode ter ignorado o episódio do SMS que Portas lhe enviou em 2013 para pedir a demissão, mas não quis deixar passar a oportunidade de lembrar o SMS que António Costa enviou a um jornalista do Expresso, criticando um texto de opinião.

Sem nunca falar no PS nem em Costa, Passos usou o discurso do encerramento das comemorações dos 40 anos do PSD para lançar a ideia de que a liberdade de expressão e a independência da Justiça podem estar em causa se a maioria não vencer as próximas legislativas.

"Ninguém veio acusar o Governo de querer pôr a comunicação social na ordem", disse o líder social-democrata.

"Não poderão dizer que usámos a crise para nos intrometermos no Estado de Direito", continuou para concluir que "os portugueses não compreenderão haja quem no Governo ou no Parlamento conviva mal com a liberdade de expressão".

Passos prometeu que o PSD continuará a "lutar sempre pela liberdade, pelo pluralismo e pelo Estado de Direito".

Passos Coelho trouxe para o discurso também o tema das privatizações para ilustrar o que considera ter sido uma política de transparência levada a cabo por este Governo.

"O país demorou um certo tempo a perceber que as condições para vencer um concurso público estão nos cadernos de encargos ", afirmou, usando o exemplo da EDP para afirmar que com este Governo "não há favoritos" para a compra das empresas públicas.

"Não vendemos as empresas públicas por dez mil réis de mel coado. Conseguimos mais do dobro do que o PS tinha dito que ia fazer", sublinhou.

“Deixo as boas notícias para os outros e fico todo contente”

Para mostrar que é diferente e que continua a lixar-se para eleições, Passos anunciou que vai continuar "a dar as boas notícias aos ministros", reservando para si o discurso da "responsabilidade".

"E fico todo contente com isso", garantiu, prometendo que manterá essa postura durante a campanha para valorizar "a boa equipa" que consigo trabalha.

"Nunca teria conseguido chegar aonde chegámos sem a minha Entourage e sem os militantes do meu partido", disse.

De resto, Passos Coelho assegura que as boas notícias vão continuar a aparecer, com a queda do desemprego e a recuperação do consumo.

"E estamos a fazer isto sem precisar de ficar a dever nada a ninguém", apontou o primeiro-ministro, elencando medidas como o aumento do salário mínimo nacional e o fim do corte das pensões.

"Estamos a conseguir remover a austeridade", rematou o líder do PSD.

Num discurso de mais de uma hora, o primeiro-ministro usou de ironia para atacar as ideias do PS para a economia, arrancando gargalhadas à plateia quando expôs o que considera ser o contra-senso das propostas socialistas, que pretendem baixar a TSU das empresas e dos trabalhadores. 

"E dizem isto sem se rirem", comentou de forma sarcástica, dizendo que "se fosse assim, não era preciso fazer contas, basta mandar dizer à Comissão Europeia que vamos cumprir e pronto".

"Quem é que acredita nisto?", questionou sobre as políticas propostas pelo PS.

“Houve muitos momentos em que as coisas estiveram para se escangalhar”

Sem tocar na polémica biografia, Passos disse que "este não é o momento de fazer a História ".

"Houve muitos momentos em que as coisas estiveram quase para se escangalhar todas", foi a referência mais próxima à crise do "irrevogável " que quase fez cair o Governo em 2013.

Passos aproveitou, contudo, para dissipar a dúvida – lançada pela sua biografia autorizada – sobre se teria ficado descontente com o facto de – como se diz no livro – Cavaco ter deixado o Governo "em banho-maria" durante 20 dias,

"Se o Governo não fosse do PSD, Cavaco Silva tinha agido da mesma maneira, afirmou, elogiando "a forma como o PR sobre salvaguardar as condições de governabilidade do país ".

Passos defendeu, por isso, "a importância das funções " do Presidente.

margarida.davim@sol.pt