Maria Luís aconselhada a moderar discurso em campanha

A direcção do PSD pediu a Maria Luís Albuquerque para ter mais cuidado nas palavras à medida que se aproximam as legislativas. A ministra das Finanças continua a ser vista como uma mais-valia na campanha, mas foi aconselhada a ser mais cautelosa quando fala em temas sensíveis.

Maria Luís aconselhada a moderar discurso em campanha

A forma como admitiu um corte nas pensões actuais caiu muito mal mesmo dentro do seu partido. “É óbvio que não foi bom”, reconhece uma fonte do PSD, explicando que o facto de a ministra estar perante uma plateia de jovens da JSD pode ter levado a um deslize que fez crer que havia já uma proposta para cortar pensões. “Estava muito à vontade, porque se sentia em casa e não pensou no impacto que aquelas palavras poderiam ter fora do contexto”, justifica a mesma fonte.

A ministra já tinha, aliás, recebido críticas pela forma como, também num encontro da JSD, exortou os jovens a ter mais filhos. “Multipliquem-se” foi uma expressão considerada infeliz mesmo no partido. “Já teve duas gafes, esperemos que haja duas sem três”, comenta a mesma fonte do PSD.

Apesar de aquela que tem sido vista como uma estrela em ascensão no partido ter cometido uma gafe que lhe valeu um coro de críticas, no PSD Maria Luís Albuquerque está longe de ser considerada um activo tóxico.

Ministra mantém agenda partidária intacta

“A ministra das Finanças continua a ser um dos nossos maiores trunfos”, afirma ao SOL Marco António Costa, explicando que Maria Luís continuará a ter um lugar de destaque nas acções de campanha da coligação PSD/CDS.

Maria Luís Albuquerque continuará, como já aconteceu depois do encontro da JSD em Ovar, a participar em eventos de estruturas do partido. Aliás, logo na segunda-feira, um evento partidário em Rio Maior deu a oportunidade à ministra para corrigir o discurso e travar a ideia de que o Governo se prepara para mexer agora nas pensões que estão em pagamento.

Falta contexto, diz PSD

No PSD, acredita-se que a mensagem passou mal porque foi descontextualizada. Isso mesmo levou o coordenador da Comissão Permanente, Marco António Costa, a convocar a UGT na segunda-feira, para assegurar à central sindical que o Governo não está  a preparar novos cortes.

Carlos Silva, secretário-geral da UGT, revelou, aliás, que Marco António lhe pediu a reunião “com carácter de alguma urgência” para “transmitir algum descanso, tranquilidade” aos sindicalistas.

“Foi preciso reafirmar o que a ministra disse, mas dando-lhe o enquadramento do que é o pensamento da coligação sobre esta matéria”, esclarece um dirigente do PSD. Ou seja, tirando gás à ideia – como foi feito por Mota Soares e Paula Teixeira da Cruz – de que haveria já uma proposta concreta sobre o tema antes mesmo de um acordo com o principal partido da oposição. “Não há neste momento nenhuma medida a ser discutida” nem “nenhuma proposta a ser apresentada”, reagiu Mota Soares.

O CDS foi, aliás, o primeiro a alinhar uma estratégia de controlo de danos, ao afirmar que nunca a maioria avançaria com mexidas no sistema de pensões sem o envolvimento do PS.