Avanço de Rio é indesejado no PSD

Nos últimos dias, conversas entre Rui Rio e destacados dirigentes sociais-democratas alimentaram a ideia de que o ex-presidente da Câmara do Porto estaria prestes a anunciar a candidatura a Belém. A notícia foi desmentida pelo próprio, mas ficou clara a vontade de Rio de manter em aberto a corrida para a Presidência. O problema é…

Na direcção do PSD, ninguém quer ouvir falar de candidatos a Belém antes de Outubro. “Temos umas eleições que serão difíceis de ganhar, as legislativas. E tudo o que vier criar ruído não ajuda”, resume ao SOL um dirigente social-democrata. Já um vice-presidente do PSD alerta para o risco de uma candidatura presidencial antes das legislativas poder causar “divisões indesejáveis” no partido.

O desmentido que confirmou o interesse do ex-autarca

Rio coloca ainda dois problemas ao PSD. Caso avance já, pode travar o caminho a Marcelo Rebelo de Sousa, um candidato que é visto por muitos sociais-democratas como o mais forte para chegar a Belém. Por outro lado, o anúncio da sua candidatura pode não impedir o avanço de Pedro Santana Lopes. “Nesse caso, teremos um problema: qual dos dois candidatos apoiamos?”, questiona a mesma fonte, defendendo que este tipo de dores de cabeça é tudo aquilo de que Passos não precisa antes das legislativas.

Por isso mesmo, na direcção social-democrata assegura-se:  “Passos vai libertar-se até ao fim desta questão”.

Apesar de vários sociais-democratas apontarem Rui Rio como o candidato favorito de Passos – por ter um perfil mais compatível com a sua visão da função presidencial e também porque, assim, ficaria fora da sucessão na liderança do PSD -, o antigo autarca está muito longe de ser um candidato consensual. “Se Marcelo é um catavento, Rio pode ser muito duro em Belém”, comenta um deputado.

Certo é que o desmentido de que estaria pronto a avançar para Belém foi lido por muitos sociais-democratas como um sinal de que não está fora da corrida. “Nunca o vi tão dentro”, observa um vice-presidente social-democrata.

Rui Rio tem, de resto, dado sinais de impaciência, confidenciando a destacados sociais-democratas que teme não ter tempo para montar uma campanha a pouco mais de três meses das presidenciais, que deverão ocorrer em Janeiro de 2016. Apesar disso, e tal como sublinhou esta semana num duro desmentido às notícias que davam como certa a sua candidatura, Rio ainda não tomou uma decisão e mantém todos os cenários em aberto. 

“Não decidi nada relativamente às eleições presidenciais, pelo que a notícia em causa não só me é totalmente alheia, como também não tem qualquer fundamento”, afirmou no comunicado, com um aviso à navegação: “Se algum dia eu decidir uma candidatura, tal como no passado, serei eu próprio que em devido tempo a divulgarei de forma clara e directa”.

De resto, várias fontes ouvidas pelo SOL afiançam que Rio foi apanhado de surpresa pela notícia da SIC sobre a sua candidatura iminente. As mesmas fontes desmontam, aliás, a teoria de que a notícia teria sido uma forma de o próprio Rio testar as águas sobre as possibilidades de um apoio dos partidos da coligação. “Não faz sequer o género dele”, assegura uma fonte próxima. “Rui Rio jamais daria um passo destes sem falar com Passos e Portas”, reforça outro dos seus conselheiros.

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