Costa em busca do voto útil na televisão

Os frente-a-frente com Jerónimo de Sousa e Catarina Martins encaixam na estratégia socialista. Para Passos Coelho estes debates são dispensáveis.

Ainda não está fechado o modelo de frente-a-frente televisivos entre os quatro candidatos a primeiro-ministro. A estratégia socialista aposta em privilegiar a dramatização do voto útil, pelo que os frente-a-frente com Jerónimo de Sousa e Catarina Martins são considerados uma peça importante na estratégia. 

Já Passos Coelho embora formalmente esteja receptivo aos debates com a extrema-esquerda parlamentar, não faz questão de multiplicar batalhas televisivas que, segundo fonte da campanha da coligação de direita, tiram o PM do «contacto directo com o eleitorado no terreno». 

Na reunião com as televisões, o responsável da PàF, Marco António Costa mostrou abertura para aceitar debates com todos os partidos. Mas depois da recusa das televisões em incluir Paulo Portas nos frente-a-frente (devido ao veto do PS), os sociais-democratas tentam «sensibilizar as televisões» para incluir Portas. O resultado é que o processo de agendamento de debates está atrasado. Sendo ponto assente para RTP, SIC e TVI que o líder do CDS não integrará os debates.

No Largo do Rato, os confrontos televisivos com os dois líderes da esquerda parlamentar são dados como certos. «No terreno, António Costa terá de se bater com o PCP e o BE na conquista de eleitorado de esquerda que permita ao PS uma vitória eleitoral, faz todo o sentido que a televisão seja um palco desta estratégia essencial para o PS», explica um socialista. 

Fechado nas televisões está a data do único confronto Passos-Costa. Será a 9 de Setembro, transmitido por SIC, TVI e RTP, com moderação de jornalistas das três estações. A 17 haverá mais um duelo, mas apenas na rádio (também com simultâneo, neste caso de RR, Antena 1 e TSF).

Finalmente, no dia 22, encaixará o debate em simultâneo, no pequeno écran, com Passos Coelho, António Costa, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins. 

Passos não quis três embates com Costa

O calendário mediático será sobrecarregado por entrevistas individuais ou por formatos especiais – um dia ‘a sós’ com os líderes, por exemplo. Além das inevitáveis gravações de tempos de antena, entrevistas a jornais e rádios ou acções nas redes sociais. 

Mas, mais importante que as agendas, para aceitar ou recusar confrontos conta a estratégia escolhida por cada partidos. Passos Coelho optou por enfrentar num único debate António Costa, em vez dos três inicialmente sugeridos. «O primeiro toda a gente via, o segundo podia ter interessados, do terceiro já ninguém queria saber», diz um responsável da campanha da PàF. 

Outra maneira de entender esta resposta é a convicção, na direcção de campanha, de que Passos consegue ganhar um debate único, com uma audiência muito acima de um modelo de três confrontos. Modelo esse que faria aumentar a possibilidade de António Costa ‘ir ganhando experiência’, tornando mais incerto o desfecho final.

* com Sofia Rainho