Máquina do PS: vale a pena ir votar no dia 4 de outubro?

1. É uma dúvida que nos foi formulada ontem por um taxista – e que é bastante pertinente. Porque reflete o sentimento de muitos portugueses, inclusive do autor das presentes linhas: qual o sentido do nosso voto? Será possível, no próximo dia 4 de outubro, evitar a vitória de António Costa e dos socialistas, impedindo…

2. Qual a razão de ser da questão? Fácil: o ambiente que está a ser criado, por alguma imprensa (mas não só), para dar como adquirida a vitória de António Costa. Há uma tendência clara numa certa imprensa, no ângulo das notícias e da opinião publicada, de apoio a António Costa – e de crítica violenta a Pedro Passos Coelho e a Paulo Portas. Evidentemente, o plano dos socialistas era fazer isto de forma disfarçada, para ninguém notar – todavia, a previsão de resultados muito fraquinhos nas sondagens já publicadas, provocou um certo desespero em António Costa e seus apoiantes e a necessidade de radicalização do discurso. A bem de Portugal? Não: a bem de António Costa e dos socialistas. Desde a publicação de um artigo de Diogo Freitas do Amaral a declarar o seu voto em António Costa e nos socialistas (repetindo o que fez em 2005, apoiando José Sócrates…ui, que serviço patriótico que Diogo Freitas do Amaral prestou!) até às notícias publicadas ontem mostram indubitavelmente que se está a tentar criar um ambiente muito favorável a António Costa e aos socialistas a quase uma semana do ato eleitoral.

3. Senão, vejamos o que aconteceu ontem. Passos Coelho afirmou, em almoço com apoiantes da coligação, que o programa de ajustamento e de equilíbrio financeiro foi aplicado com rigor e que seria reembolsado parte do empréstimo. Mais tarde, em jantar, retificou a sua afirmação anterior para dizer que será restituído uma parte de empréstimo (uma das suas muitas dívidas) contraído pelo Governo José Sócrates. Foi um lapso? Sim, foi um lapso de oralidade. Na ansiedade e exaltação própria do momento, Passos Coelho transmitiu mal a sua ideia. Nós vínhamos, aliás, preparados para criticar a equipa mais próxima de Pedro Passos Coelho: como seria possível que permitissem que tal acontecesse? Como poderiam ser tão pouco profissionais, num momento crucial da campanha?

4. No entanto, apurámos que a informação preparada pela equipa e pelo próprio Passos Coelho estava correta: Passos sabia perfeitamente a diferença entre reembolso e pagamento de empréstimos ao FMI. Enganou-se ao exprimir a ideia. Foi um lapso de transmissão de uma ideia – acontece a todos. A dar uma aula, a dar um conferência ou tão somente a explicar uma ideia no nosso trabalho entre pares, já nos aconteceu o mesmo. Faz parte da vida.

5. Foi, pois, um lapso de expressão, vulgo “lapso de língua”. Falei com muitas pessoas – e nenhuma deu relevância ao sucedido. E porquê? Porque é um lapso sem importância, que nada diz sobre a bondade, os méritos ou deméritos, do projeto político defendido por Passos Coelho. É um lapso sem importância nenhuma na vida prática dos portugueses. É um lapso que, enfim, só interessa mesmo aos teóricos da política, aos analistas que vivem noutro planeta que não no nosso; que interessa sobretudo aos que querem impingir à força António Costa aos portugueses.

6. Recusamo-nos firmemente a afirmar, como muitos fazem, que o Expresso e o Público são os dois aliados permanentes de António Costa na comunicação social. Não nos parece, honestamente. A verdade manda, porém, reconhecer que o Expresso foi muito tendencioso nos últimos dias, na cobertura da campanha eleitoral. Ontem mesmo, o Expresso enviou às oito da manhã uma mensagem aos seus leitores, com o título: “Pedro Lapsos Coelho”. E dedicou um texto enorme sobre o supra-referido lapso! Como se o lapso de Passos Coelho fosse o acontecimento mais grave das últimas décadas em Portugal! Nós percebemos que para os socialistas pagar o que devem parece uma coisa do outro mundo…Socialistas e cumprimento de compromissos assumidos são realidades incompatíveis.

7. Pode o Expresso escolher o ângulo que melhor lhe aprouver e escrever o que bem entender? Claro que sim! Para nós, a liberdade de informação só em casos extremos poderá ser afetada: neste ponto, somos, pois, profundamente anti-socialistas. Mas não podemos deixar de estranhar que o Expresso perante o lapso de expressão de Passos Coelho se tenha sentido indignado e ultrajado – mas perante os muitos lapsos e lacunas de António Costa, o Expresso se mantenha sempre muito contido e compreensivo. Não vimos nenhum texto “ António Lapsos Costa” quando o socialista meteu os pés pela mão no primeiro debate sobre o Novo Banco – ou no segundo debate quando se enganou e foi apanhado com a enorme incongruência das suas propostas para a Segurança Social! Alguém viu um texto do Expresso “António Lapsos Costa”? Não? Nós também não…

8. Em suma, caro leitor, é preciso estar muito atento às pressões do Partido Socialista até ao próximo dia 4 de outubro. Um partido que, por natureza, gosta de tudo controlar e de todos dominar, tende a exagerar, ainda mais, quando se encontra desesperado. E com o legado José Sócrates bem presente. Não vão ser os intelectuais, nem o Expresso que vai escolher o próximo Primeiro-Ministro: vamos ser nós. Nós, o povo português. E o povo português sabe muito bem o que quer. O povo português não vai em cantigas, nem em falsidades – muito menos cede ao desespero socialista. Por isso, todos temos de votar no próximo dia 4. O futuro está nas nossas mãos.

9. Mais uma vez, fica a pergunta: por que razão certa comunicação social foi tão benévola e paciente com os erros grosseiros de António Costa quanto à Segurança Social? E por que razão deixaram morrer um assunto essencial para a vida dos portugueses? A máquina de propaganda socialista funciona muito bem…

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