Máquina do PSD disponível para Marcelo

O mais certo é que Passos não dê apoio formal a qualquer candidato presidencial. Mas isso não quer dizer que a máquina social-democrata não trabalhe por Marcelo. Durante as comemorações dos 40 anos do PSD primeiro e depois na campanha, o professor correu o país a convite das estruturas locais e somou apoios que poderão…

A organização está toda lá

São muitos os líderes de distritais dispostos a ajudar a organizar jantares, comícios e arruadas e a garantir a mobilização dos militantes para uma campanha presidencial de Marcelo. Na prática e, mesmo que não seja o candidato do partido, o comentador pode contar com a poderosa máquina do PSD que tão importante foi, por exemplo, na campanha de Passos e Portas nas legislativas.

“A organização está toda lá. É tudo muito fácil de organizar, mesmo que não oficialmente”, assegura o líder de distrital social-democrata, que não esconde ter ficado rendido à forma como Marcelo foi recebido pelos militantes num jantar da estrutura que dirige. “Há uma ligação afetiva que é espontânea. Nunca tinha visto ninguém tirar tantas selfies, dar tantos beijinhos e tantos abraços”, conta, explicando que, assim, “são os militantes a convencer os dirigentes e não o contrário”.

Todos a passar para o ‘lado do vencedor’

No caso deste dirigente, o apoio a Marcelo já estava garantido. Mas, noutros pontos do país laranja, distritais que estavam claramente ao lado de Rui Rio começaram a mudar o discurso. Agora, não querem assumir o apoio a um ou a outro – até porque essa é a indicação do partido e porque oficialmente não há candidaturas –, mas é notório que estão disponíveis para dar uma ajuda a Marcelo Rebelo de Sousa caso avance.

“Agora, todos querem ficar ao lado do vencedor”, garante o líder de uma distrital que chegou a ser dada como certa no apoio a Rio. Depois do roadshow de Marcelo pelo país, há líderes locais que temem ver a distrital partida ao meio caso optem por apoiar Rio em detrimento do professor.

Em distritais como Braga, Aveiro ou Porto o tema passou a ser evitado em on, mas fica claro que, caso avance sem um apoio formal de Passos, Rui Rio não poderá contar com o apoio que Marcelo poderá ter nas mesmas circunstâncias.

O que é que mudou? Marcelo começou a ser visto como o candidato vencedor e Passos Coelho deu sinais de que não terá um candidato oficial, quando esta semana no acordo de Governo com o CDS retirou a referência a um “candidato comum” e a substituiu por uma “posição comum” sobre o assunto.

“O partido está concentrado naquela que é a solução vencedora”, aponta um dirigente social-democrata, reconhecendo que isso não deverá passar por um apoio formal a Marcelo, algo que o próprio comentador já deu até como indesejado por temer ficar demasiado colado à coligação e estar convencido de que a sua base eleitoral pode ir além disso. “Não se deve partidarizar o que não deve ser partidarizado”, avisou o professor, na TVI, mostrando estar mais confortável com a posição de candidato independente.

margarida.davim@sol.pt