Cavaco garante que não há razão para portugueses “estarem preocupados” com crise política

E ao segundo dia da visita à região autónoma da Madeira o Presidente da República voltou a falar da crise política e do impasse que o aguarda em Lisboa. E fê-lo para garantir aos portugueses que não existem razões para  “estarem preocupados”, até porque o país vive um contexto económico bastante mais favorável do que…

“O Tesouro português tem hoje uma almofada financeira de dimensão substancial. A economia está a crescer, o desemprego está a diminuir”, justificou Cavaco silva, , lembrando que quando o PEC IV do governo de José Sócrates foi chumbado na Assembleia, o país estava à beira da bancarrota.

Com estas palavras, o Presidente procurou tranquilizar os portugueses mas deu também, uma vez mais, sinais claros de que não tem particular urgência em tomar uma decisão e indigitar António Costa como primeiro-ministro, dando posse a um novo governo.

“Hoje Portugal é um país respeitado junto dos investidores internacionais, um país cumpridor, um país onde existem boas oportunidades de investimento”, disse Cavaco Silva, na sessão de encerramento da 7ª jornada do Roteiro para uma Economia Dinâmica, que decorreu ontem e hoje na Madeira.

Ainda ontem o Presidente recordara aos jornalistas o que sucedeu em 1987 quando liderava o governo. «Eu estive cinco meses em gestão», lembrou Cavaco, desdramatizando a crise política que o país agora vive e o impasse em S. Bento. E admitindo, assim, a hipótese de o Governo de Passos Coelho ainda poder ficar mais algum tempo em funções, sendo que o líder do PSD e ainda primeiro-ministro já fez saber ao chefe de Estado que não tenciona manter o seu governo em gestão mais do que o tempo estritamente necessário.

“Eu não quero vos dizer qual era o montante que o Tesouro português tinha em cofre em 2011, conforme foi comunicado pelo representante português que esteve presente na reunião do Eurogrupo”, recordou dirigindo-se aos empresários madeirenses, dizendo apenas que por ser tão “exígua” e “assustadora”, os credores ficaram em pânico.

“No dia seguinte recebi telefonemas de vários países da europa assustadíssimos, porque havia um grande empréstimo para amortizar poucos meses depois”, contou o Presidente da República, lembrando que nessa altura os mercados financeiros internacionais estavam fechados para Portugal.

Agora, sublinha Cavaco Silva, o país tem “acesso fácil” aos mercados financeiros internacionais, a economia está a crescer, o desemprego está a cair, e existe um grande respeito da parte dos investidores internacionais.

Cavaco já está de volta a Lisboa amanhã e vai dedicar o dia a uma ronda de audiências com os principais banqueiros.

 

sofia.rainho@sol.pt