Congresso do PSD vai puxar partido para o centro

Ocupar o vazio deixado ao centro  é o próximo passo para o PSD e o que deve marcar o Congresso do partido, agendado para os dias 1, 2 e 3 de abril. A data não foi escolhida ao acaso: será a partir dessa altura que a Assembleia da República poderá voltar a ser dissolvida, porque…

“É preciso não deixar consolidar a ideia de um Governo estável”, defende um destacado social-democrata, que vê neste Congresso o momento para Passos Coelho “lançar um ataque ao Governo”.

Um dos grandes objetivos é evitar que este seja o “congresso das carpideiras”, como diz ao SOL um conselheiro nacional, que frisa a importância de Passos encontrar uma forma de “galvanizar as hostes” sociais-democratas e virar a página do discurso da ilegitimidade política do Governo de António Costa.

Mesmo que esse argumento não desapareça, o Congresso será uma altura de afirmar as diferenças em relação à esquerda, comparando medidas e tentando apresentar Costa como o primeiro-ministro refém do BE e do PCP.

O discurso político vai mudar, mas não está prevista qualquer alteração ao programa do partido. “Mudámos o programa há menos de dois anos, não fazia sentido voltar a mexer nisso agora”, defende um deputado social-democrata.

Uma coisa é dada como certa: a liderança de Passos não deverá ser contestada. “Depois de ter ganho as eleições, não há argumentos para o afastar”, aponta uma fonte do PSD. “Não vai haver contestação para já”, assegura outra fonte partidária, explicando que os eventuais candidatos a sucessores deverão esperar para ver. “A continuidade de Passos Coelho não está em causa”, reforça um dos seus vice-presidentes.

Alguns dos principais putativos candidatos à liderança no futuro, como Luís Montenegro e Maria Luís Albuquerque, estão nas tropas mais próximas de Passos e assim devem continuar.

Maria Luís assegura mesmo que não tem intenções de ir falar ao Congresso. “Para já, vou ver”,  diz  ao  SOL  a  ex-ministra das  Finanças.

Até porque ninguém sabe quanto tempo poderá durar o Governo do PS, mesmo que muitos apostem que a aprovação do Orçamento de 2017 – a coincidir com a data das autárquicas – será um momento crítico que deixará a nu as divergências à esquerda.

Tanto mais que são muitos os que apostam nestas eleições locais como um momento que vai seguramente originar grandes fricções à esquerda, sobretudo entre o PS e o PCP. Isto porque é precisamente nas autarquias que os comunistas têm maior peso e na maioria das câmaras a que presidem (nas zonas da Grande Lisboa, Setúbal e Alentejo) os seus principais adversários são os socialistas.

À parte o facto de o Congresso poder ser a ocasião de toque a rebate para os sociais-democratas se mobilizarem para eleições antecipadas caso o Governo de António Costa esteja fragilizado, é certo que o PSD dará o tiro de partida para começar a preparar as eleições autárquicas – as que se seguem, se nada se precipitar no que respeita a legislativas.