"O lugar do ministro não está em causa de forma alguma. Este ministro é uma pessoa fantástica, que tem muito a dar ao país, que é um notável investigador, um grande cientista que veio da Universidade de Cambridge e que veio para fazer algo muito importante que é valorizar a nossa escola, valorizar o nosso ensino e dar a oportunidade a todos de ter a carreira que ele próprio teve", afirmou Costa, já depois de sair do estúdio, nos corredores da estação televisiva.
O rasgado elogio não se ficou por aí. O primeiro-ministro lembrou que Brandão Rodrigues é "um homem que é filho de uma professora primária" e que "conhece muito bem a escola e tem um relacionamento excepcional com os estabelecimentos de ensino". Como se isso não bastasse, Costa revelou a sua "muita estima e máxima consideração" pelo ministro.
Mais uma vez, a defesa da política do Governo numa área que está sob a forte pressão dos protestos das escolas privadas, não foi feita pela voz de Tiago Filipe Brandão. Primeiro foi Pedro Nuno Santos, depois Maria Leitão Marques, pelo meio houve explicações da secretária de Estado adjunta Alexandra Leitão. Agora, foi o próprio líder do Executivo a vir a terreiro em defesa do ministro da Educação.
Com reunião marcada para amanhã com Marcelo, apenas três horas depois de o Presidente receber David Justino do Conselho Nacional de Educação, António Costa desvalorizou o impacto negativo que o tema das escolas privadas possa ter no relacionamento institucional entre Belém e São Bento.
"Era o que faltava o Governo sentir-se incomodado pelo exercício das funções do Presidente", reagiu o primeiro-ministro, que lembrou a "legitimidade" de Marcelo Rebelo de Sousa para ter as suas opiniões enquanto "órgão de soberania" dentro do limite das suas competências.
Quem Costa não poupou foi Pedro Passos Coelho. O chefe do Executivo foi partícula duro com o líder da oposição, considerando que Passos "fez uma coisa grave ao confundir o debate político com insinuações, pondo em causa a honorabilidade do senhor ministro da Educação".
Costa considera, aliás, que quando Passos Coelho voltou ao tema "foi pior a emenda que o soneto", porque além de não afastar a suspeição sobre Tiago Brandão Rodrigues, "respondeu com um novo insulto, desta vez ao movimento sindical em geral", disse Costa numa alusão às declarações do líder do PSD sobre a influência que os sindicatos, na sua opinião, têm nas políticas da Educação com este Governo.
Quanto à polémica, o primeiro-ministro dá duas garantias: os contratos em vigor vão ser "escrupulosamente cumpridos" e o que será feito depois disso é uma avaliação do que será para manter de acordo com o interesse público.
O que Costa não quer é que fique a ideia de que este é um debate sobre a liberdade de escolha. "Não é", frisa, lembrando que a prova disso é que em causa estão apenas 79 colégios, apenas 3% do total das escolas privadas.
O primeiro-ministro recordou, aliás, que o objetivo destes contratos é suprir carências da rede pública e não oferecer aos pais a possibilidade de pôr os filhos em escolas particulares.