Não está a ser fácil encontrar um rival para Rui Moreira nas próximas autárquicas. A escolha do candidato do PSD para a Câmara de Lisboa tem feito manchetes, mas a Câmara do Porto é um dos problemas complicados que Pedro Passos Coelho tem para resolver no dossiê das autárquicas de 2017. Já há vários nomes a circular, mas a decisão ainda está longe de estar fechada.
Segunda-feira o assunto voltou a estar em cima da mesa numa reunião da distrital do Porto, mas sem que nada ficasse decidido. “Há opiniões, mas não passam disso”, explica uma fonte da estrutura social-democrata local.
No final de um primeiro mandato sem grandes polémicas, Rui Moreira – o independente que terá o apoio do PS e do CDS – parece um candidato quase imbatível, mas os sociais-democratas não querem entregar os pontos e andam à procura de quem lhe possa fazer frente, ainda que no partido haja quem admita que o candidato do PSD “vai para tentar perder por poucos”.
O provedor
António Tavares, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, é uma das hipóteses para concorrer contra Moreira. Tavares é descrito por um destacado socialista do Porto como alguém com “uma grande experiência política” – foi deputado – e o capital de estar à frente de uma instituição com o peso da Santa Casa.
“É um candidato forte, e apesar de não ter notoriedade nacional é conhecido no Porto”, aponta a fonte socialista, admitindo que alguém como António Tavares pode ser uma surpresa. “Também ninguém achava que o Rui Rio ia ganhar quando apareceu em 2001”, recorda a mesma fonte.
O dinossauro
Outra possibilidade que não está descartada é a de ser o próprio líder da distrital, Bragança Fernandes, a avançar. Bragança Fernandes está há 27 anos na Câmara de Maia – onde entrou como vereador e é agora presidente –, pelo que currículo não lhe falta.
Além disso, atingiu o limite de mandatos na Maia e não pode recandidatar-se.
Entre os nomes mais mediáticos que poderiam candidatar-se à Câmara do Porto pelo PSD, aparecem José Pedro Aguiar-Branco e Marco António Costa. Mas nenhum deles é visto como muito provável.
Aguiar-Branco já anunciou que é candidato à Assembleia Municipal de Guimarães e, como revela fonte próxima, “até já começou a fazer campanha no terreno”, pelo que é difícil – embora não impossível, se Passos assim o quiser – que recue para concorrer pelo Porto.
Já Marco António Costa é um nome forte que poderia, caso aceitasse o desafio, “ficar com o capital de ter feito esse serviço ao partido num momento difícil”, como aponta uma fonte social-democrata. Mas não é claro que tenha vontade pessoal de avançar e, recorda-se no PSD, “tem alguns anticorpos que podem tornar complicada a campanha”.
Carlos Carreiras, coordenador autárquico do PSD, recusa entrar na guerra dos nomes, mas fala do Porto para deixar claro que Rui Moreira não deve contar com a reeleição como favas contadas.
“Fiz uma volta ao país para preparar as autárquicas e regressei muito mais otimista do que parti”, conta Carreiras, explicando que nesse périplo inédito – pela primeira vez houve um coordenador a correr o terreno em vez de serem as distritais e concelhias a virem a Lisboa – começou a tirar ideias para as equipas.
“Tão ou mais importante do que o nome do candidato a presidente é ter uma equipa forte”, comenta o coordenador autárquico que nessa volta pelo país percebeu que há algumas câmaras socialistas que, apesar de estarem em primeiro mandato, “geram bastante insatisfação”, que o PSD pretende capitalizar.
Uma coisa é certa, o PSD não quer “leituras nacionais do resultado” e Carreiras até recorda que “há três anos o PS dizia que as autárquicas tinham impacto nacional, quando agora diz que já não é assim”.
Outros problemas
Sobre candidatos, Carlos Carreiras recorda apenas que o calendário definido pelo partido para a apresentação de candidaturas corre entre 17 de outubro e 31 de março, frisando – sem explicar se isso se aplica ao Porto – que “por razões táticas haverá câmaras em que o anúncio poderá ser mesmo só no final de março”.
Certo é que no distrito do Porto não é só a Invicta que preocupa os sociais-democratas. Gaia, Matosinhos e Vila do Conde são autarquias onde o PSD está na oposição – estando os presidentes em primeiro mandato – e também aí “está tudo por definir”, como revela ao i uma fonte da distrital social-democrata.