António Costa deixa aviso a Marcelo

Marcelo Rebelo de Sousa já fez saber que irá vetar a lei que permite ao Fisco aceder aos dados bancários de quem tem contas superiores a 50 mil euros. Mas António Costa não parece disponível para alterar a lei do Governo.

No discurso da rentrée socialista, Costa explicou a importância do acesso a esta informação no combate à evasão fiscal, deixando claro que não pretende recuar, mesmo depois dos alertas que têm vindo de Belém.

"A reposição de rendimentos implica também maior justiça fiscal é maior justiça fiscal é desde logo um combate determinado à fraude e evasão fiscal", frisou o primeiro-ministro, para sustentar a tese de que a lei sobre o acesso a dados bancários é essencial para o plano do Governo no que toca à política orçamental.

"Cumprir a Constituição é cumprir a Constituição toda. Claro que é necessário cumprir a Constituição para devolver a funcionários e pensionistas os salários que lhes tinham sido retirados. Mas cumprir a Constituição, com certeza, também é salvaguardar os direitos à privacidade. É salvaguardar que o Estado não pode interferir abusivamente na informação disponível sobre cada um dos cidadãos.

Mas cumprir a Constituição não pode ser proteger na opacidade as contas bancárias para que o Estado não possa fazer aquilo que é seu dever fazer para assegurar maior justiça fiscal, que é combater a fraude e à evasão fiscal. E sim, o Estado tem direito, tem de ter direito a aceder  a aceder à informação para poder assegurar uma justa tributação sobre todos nós", afirmou o secretário geral do PS.

Recorde-se que até agora Marcelo já vetou politicamente dois diplomas da Assembleia da República, mas a concretizar-se o veto a esta lei será a primeira vez que o Presidente há seis meses em funções vetará um decreto-lei.

Ao contrário das leis que vêm do Parlamento e são vetadas pela Presidência, os diplomas do Governo não podem ser reconfirmados depois de vetados pelo Presidente da República.