CGD. Passos não vai largar oposição ao dossiê Caixa

Marcelo está contente com Macedo e até deu a entender que prefere o ex-ministro da Saúde a António Domingues. Costa garante que não vai diminuir o salário a Macedo. Passos vai continuar a criticar o processo CGD.

“Não sei se era essa a intenção do governo, se era ir buscar um antigo ministro meu para que o PSD deixasse de manifestar preocupações com a Caixa. Se é isso, de todo, enganaram-se redondamente no alvo”. A frase é de Passos Coelho e não poderia ser mais explícita: o líder do PSD não vai baixar a guarda nem deixar de manter o dossiê Caixa na agenda política.

Apesar de Paulo Macedo continuar a ser, segundo Passos, “um gestor muito competente” e “muito sensato”, o líder do PSD não acredita que a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos consiga ser feita antes do verão de 2017. E criticou o governo, que “disse que era absolutamente prioritário e imprescindível”, mas, segundo o líder do PSD, vai ter que arranjar uma alternativa, já que “as agências de rating estão à espera de ver o que vai acontecer com o capital da Caixa”, esperando também uma “pressão maior” por parte dos mercados. Sobre a recapitalização propriamente dita, Passos diz que o “governo não fez nada” e “é só conversa”.

Todo o processo de demora, por parte do governo, na substituição da administração da Caixa “é uma falta de vergonha”, diz ainda o ex-primeiro-ministro, que se manifestou surpreendido com as notícias que dão conta de que a CGD precisa de “mais dois a três mil milhões de euros”. Passos apontou o facto de ser o mesmo auditor a auditar o que fez durante anos: “Como é que os prejuízos não foram detectados durante os anos em que lá esteve?”, interrogou, apontando que o processo causa dúvidas éticas e políticas sérias. 

Macedo está “a trabalhar” Paulo Macedo, o novo presidente da Caixa, falou ontem pela primeira vez do seu novo emprego, mas sem grandes alardes. “Está-se a trabalhar”, disse o ex-ministro da Saúde do governo Passos/Portas. “Quando houver questões claras, definitivas, concretas, comunica-se”.

Macedo manifesta – e pede – sobriedade. “Até lá, não vale a pena, e penso que concordam todos, alimentar nomes e curiosidades, até porque a Caixa Geral de Depósitos precisa de desenvolver o seu trabalho e de pôr em prática o plano que está aprovado e é nisso que temos de nos concentrar”. 

Marcelo acabou por fazer um elogio a Paulo Macedo em contraponto a António Domingues, num encontro com a imprensa estrangeira em Belém, usando uma referência bíblica: “O segundo vinho é o melhor”, disse, citado pelo “Expresso”.

Quanto à sua oposição ao salário que Paulo Macedo vai ganhar – precisamente o mesmo que António Domingues ganhava e foi contestado pelo Presidente e todos os partidos com a exeção do PS -, Marcelo apenas disse: “Decide quem pode e, uma vez decidido, o que foi decidido é uma boa equipa, uma equipa virada para o futuro”.

António Costa confirmou que não havia recuo no salário. “Os vencimentos estão fixados. A legislação está em vigor, não a vamos mudar”. Para o primeiro-ministro, o salário não se destinava apenas a Domingues – tinha sido decidido assim de maneira a que “a Caixa tenha uma gestão profissional, para que possa recrutar no mercado. É uma opção”.