“Tendo lido a comunicação do senhor ministro das Finanças e após contacto com Sua Excelência o Presidente da República, entendo confirmar a minha confiança no Professor Mário Centeno no exercício das suas funções governativas”. É assim que começa o comunicado do primeiro-ministro, enviado às redacções logo após a conferência de imprensa do ministro das Finanças, onde Centeno anunciou ter posto o lugar à disposição.
Depois de falar com Marcelo, Costa entendeu assim renovar a confiança no seu ministro das Finanças, coisa que tem feito quase diariamente nos últimos tempos. Mais uma vez, António Costa elogiou veementemente Mário Centeno: “Sob sua responsabilidade direta, Portugal logrou, em 2016, a estabilização do setor financeiro. As condições do setor bancário são hoje substancialmente melhores do que as que encontrámos em dezembro de 2015. A tudo isto se soma a melhoria da economia real. Em 2016, o professor Mário Centeno conseguiu o melhor exercício orçamental da nossa vida democrática, no quadro de uma reorientação da política económica, que permitiu a devolução de rendimentos e a criação de condições para o investimento, que se saldou pela aceleração do crescimento e melhorias significativas na criação de emprego. Este esforço tem de prosseguir a par do processo de estabilização do setor financeiro”.
Para António Costa, “esclarecida a lisura da atuação do governo, nada justifica pôr em causa a estabilidade governativa e a continuidade da sua política, para o que o contributo do professor Mário Centeno continua a ser de grande valia”.
Na conferência de imprensa, Centeno tinha afirmado que poderia voltar a colocar o cargo à disposição. “Este governo tem pautado a sua acção pelo diálogo. É evidente que o ministro das Finanças tem que estar dotado dessa confiança de todos os agentes económicos e sociais nacionais. Sempre e quando isso não aconteça, eu agirei”. Na sua comunicação, Centeno negou ter feito qualquer acordo com António Domingues para a isenção de entrega das declarações de rendimentos ao Tribunal Constitucional embora tenha admitido que “por erro de percepção mútuo”, António Domingues possa não ter tido esse entendimento – ou “não ter afastado esse entendimento”.