O Presidente da República e o primeiro-ministro exigem à administração da Caixa Geral de Depósitos que mantenha, pelo menos, um balcão em cada um dos 308 concelhos do país.
Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, em momentos diferentes, vieram ontem a público defender a presença da Caixa em todo o território. O tema já tinha sido abordado pelo líder da bancada socialista numa sessão pública realizada na cidade de Lagoa, ilha de São Miguel, Açores, este fim de semana.
“Entendemos que o banco público deve estar presente em todos os concelhos do país, sem prejuízo da sua reestruturação e da sua melhor economia de gestão”, defendeu César.
A convicção de César, também presidente do PS, foi reforçada na madrugada de domingo numa mensagem dirigida à direção da bancada a que o i teve acesso: “O grupo parlamentar do PS deve defender que não é num caso de milhares de milhões que se admite o fecho de um único balcão por concelho onde podem estar dois funcionários e com limitação de prestação de serviços. Todos os concelhos têm que estar cobertos. Não se trata de intromissão em matéria de gestão mas sim de intervenção em matéria de serviço público”.
Voltando a Marcelo, o chefe de Estado disse estar convicto “de que se chegará a uma solução que permitirá reduzir a presença da instituição [CGD] no país, mas mantê-la presente em todo o território português em termos concelhios”.
Anteriormente, já António Costa tinha também afirmado, publicamente, que “o plano de reestruturação da CGD garante a presença da Caixa em todo o país, em todos os concelhos”.
Mário Centeno foi outro dos que ontem veio a terreiro assegurar que “a dimensão espacial é relevante”, mostrando-se “completamente seguro de que todos os portugueses vão ter acesso a serviços bancários também através da Caixa”.
Da administração da Caixa não é, até ao momento, conhecida qualquer declaração pública sobre o assunto.
Como o i já tinha noticiado na passada semana a questão do encerramento de agências da Caixa, no âmbito do plano de recapitalização e de reestruturação em curso (ver página 10) no banco público motivou um conjunto já significativo de requerimentos de todas as bancadas parlamentares – à esquerda e à direita, incluindo do PS – a pedir explicações ao ministro das Finanças sobre esta matéria.
Os esclarecimentos recaem sobre agências da CGD que poderão estar na iminência de encerrar em distritos como Castelo Branco, Aveiro, Setúbal, Guarda ou Santarém.
O Bloco de Esquerda decidiu mesmo chamar no final da semana passada Mário Centeno ao parlamento para este explicar aos deputados o processo de reestruturação da CGD, designadamente as matérias relacionadas com o encerramento de balcões e a redução de trabalhadores. Por sua vez, o PCP tem defendido ao longo do processo que a CGD deve manter uma rede de balcões que “sirva o país e com critérios de apoio à economia”.
“Não é pela via da redução da atividade à custa dos trabalhadores e da dimensão da sua rede. Se a CGD sair dos concelhos, outros ocupam, e esses são a banca privada”, afirmou há dias Jerónimo de Sousa. Os representantes dos trabalhadores da Caixa assumiram já que a administração estará a fazer uma reavaliação dos balcões a encerrar.
Até 2020 a Caixa estima reduzir o número de agências nacionais em 25%, de 651 para 470 a 490, assim como uma redução de pessoal também na ordem dos 25%, de 8868 para 6650.