Pedro Passos Coelho criticou e Catarina Martins respondeu-lhe. O líder do PSD defendeu que a receita socialista "de pôr o Estado a gastar mais" não está a resultar e coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) não o deixou sem resposta: "eu lembro que Passos Coelho afirmou que se esta estratégia orçamental resultasse, apelaria ao voto nas esquerdas. Estamos nas eleições autárquicas, não sei se pretende cumprir esse compromisso".
Durante um almoço numa freguesia do concelho da Batalha, Leiria, Passos Coelho alertou para o facto de "nos primeiros seis meses do ano", o investimento público "só cresceu 1,2% em relação ao ano anterior. Sabem quanto é que no Orçamento do Estado se prevê que cresça em relação ao ano passado? Mais de 21%". Para o líder do PSD, os números significam que "a própria receita socialista, que é gastar mais, desde logo em investimento", teria de implicar "um outro desempenho do Estado".
Por outro lado, Catarina Martins assume este momento como a altura "de retirar a consequência e de executar a despesa que está prevista em investimento público" porque "as contas públicas mostram que é possível é desejável. Se temos boas notícias, façamos mais pelo país", apela a coordenadora do BE. Catarina Martins acrescentou ainda que os dados da execução orçamental "vêm dar razão ao que o BE sempre defendeu", a "recuperação de salários e pensões significa a economia a crescer, mais emprego e o país em melhores condições".
Pedro Passos Coelho não acredita que os projetos do Executivo vão sair do papel. "Quem ouça os membros do Governo, parece que agora é que o investimento vai arrancar. Mas já lá vai tanto tempo e os projetos não saem do papel", acusou o líder social-democrata. Passos Coelho aproveitou também o momento para lamentar que o Executivo de Costa só agora esteja a "começar a acordar para a realidade", depois de passar os últimos dois anos "a dizer mal do anterior Governo".
No discuros do líder do PSD, estava ainda uma crítica às relações entre os partidos da 'geringonça'. "Tudo o que trate de discutir outras coisas que são importantes e nas quais, nós sabemos, a 'geringonça' não se entende, essas, silêncio absoluto, enfia-se a cabeça na areia como se as questões não existissem", criticou referindo-se ao Orçamento de Estado para 2018.
Os dados do Instituto Nacional de Estatísticas, anunciados esta sexta-feira, mostram que o défice orçamental no primeiro semestre do ano foi de 1,9% do PIB, um diminuição de 1,2 pontos percentuais face aos 3,1% registados no período homólogo.