A saída de Azeredo Lopes do cargo de ministro da Defesa já é admitida dentro do próprio governo. De acordo com o Público, a hipótese pode ocorrer logo depois da aprovação do Orçamento do Estado.
Há ainda a possibilidade de Azeredo Lopes ser constituído arguido no âmbito do processo sobre o encobrimento da recuperação das armas de Tancos. Nesse caso a cessão de funções seria imediata, confirmaram já publicamente o presidente do PS, Carlos César, e o primeiro-ministro, António Costa.
A constituição de arguidos do ex-diretor da Polícia Judiciária Militar, o coronel Luís Augusto Vieira, e do ex-porta-voz também da Polícia Judiciária Militar, autoridade tutelada pela Defesa, fragiliza, na opinião de alguns pares do governo, a figura do ministro, e além disso há ainda a possibilidade de Azeredo Lopes ter mesmo de responder perante a Justiça.
O Presidente da República também preferia uma rápida saída do ministro da Defesa do Governo, avançou o Público. De sublinhar que Marcelo Rebelo de Sousa interveio no caso do afastamento da antigo ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, na sequência da tragédia dos incêndios de 2017. Contudo a saída da governante já estaria prevista antes do ‘toque’ do chefe de Estado.
O caso parece estar a repetir-se, com António Costa a defender o seu ministro até à última, como já tinha feito com Urbano de Sousa. Ainda esta semana, já depois de Vasco Brazão ter dito que o ministro estava a par do encobrimento, o primeiro-ministro sublinhou que “quer o senhor ministro da Defesa Nacional, quer o tenente-general Martins Pereira, que era então seu chefe de gabinete, já fizeram um desmentido absolutamente categórico de notícias que têm vindo a lume de factos que lhe teriam sido imputados”, e que por isso não via “nenhuma razão para alterar essa confiança”.
Mais cautelosos no apoio a Azeredo Lopes têm sido outros socialistas. Dentro do PS há mesmo quem esteja chocada com a forma como o assunto tem sido tratado. A eurodeputada Ana Gomes já apelou a uma intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto comandante supremo das Forças Armadas. “É o mais grave atentado ao Estado de direito”. “Se alguém dentro das Forças Armadas foge ao controlo político é o Estado de direito que está em causa”, acrescentou, justificou ao mesmo jornal.