António Costa falou ontem ao país, num dos momentos mais complicados da sua governação, para dizer aos portugueses, sem meias medidas, que se demite se o Parlamento aprovar a contabilização de nove anos, quatro meses e dois dias de descongelamento de carreiras dos professores. A ameaça tem data marcada: 15 de maio, prazo-limite para a votação final global da proposta.
Após uma reunião de 30 minutos com o Presidente da República, em Belém, o primeiro-ministro colocou o plano de crise política em marcha, preparado durante a manhã de ontem, em São Bento, perante a evidência de que não haveria recuos. Os parceiros de esquerda, PCP, PEV e BE recusaram o ultimato do chefe de Governo, que abordou os custos da medida: 340 milhões de euros entre este ano e 2020, sem contar com um encargo anual de 800 milhões de euros para o futuro. «Colocaria em situação de desigualdade os demais funcionários públicos e os portugueses que sofreram nos salários e impostos os efeitos da crise», justificou António Costa.
Um dos argumentos decisivos para se precipitar o cenário de crise foram os argumentos do ministro das Finanças, Mário Centeno, invocados logo na quinta-feira à noite: um quadro insustentável, com a necessidade de se refazer o programa de estabilidade, já entregue em Bruxelas. Ora, Mário Centeno é presidente do Eurogrupo. Pelo que a sua situação seria insustentável e, segundo o SOL apurou, o governante terá mesmo ameaçado bater com a porta caso tais encargos passassem a letra de lei – com a aprovação na AR.
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