António Costa vai formar, tudo o indica, um novo Governo com velhas caras, já que haverá poucas mexidas no Executivo anterior.
A saída mais sonante, já anunciada, será a de Vieira da Silva, um dos ministros com mais anos de governo.
Sem surpresas, Mário Centeno deverá continuar com a pasta das Finanças sendo promovido também a ministro de Estado. No entanto, o ‘Ronaldo das Finanças’ não deverá cumprir a legislatura até ao fim. Mário Centeno é também presidente do Eurogrupo até junho de 2020. Nessa altura, termina também o mandato de Carlos Costa como governador do Banco de Portugal. E Mário Centeno, em entrevista à TSF, já confessou que acredita ter perfil para o cargo. «Se eu me vejo com perfil para ser governador do Banco de Portugal… Se houver um perfil para ser governador do Banco de Portugal, é mais ou menos a mesma coisa que ser director-geral do FMI… do ponto de vista das qualificações. Não vejo onde é que pudesse estar aí uma dificuldade», disse em setembro, depois de ter caído a candidatura a diretor-geral do FMI.
Além de Centeno, Costa deverá manter também o número dois do anterior Governo, Augusto Santos Silva, com a pasta dos Negócios Estrangeiros.
A pasta dos Assuntos Parlamentares deverá continuar a ser gerida por Duarte Cordeiro, que nos últimos dias assumiu o papel de Pedro Nuno Santos nas conversações entre o PS e os partidos de esquerda e o PAN. Mariana Vieira da Silva também se vai manter no Ministério da Presidência do Conselho de Ministros.
Pedro Nuno Santos – apontando como um dos sucessores de Costa aos comandos do PS – vai continuar a gerir o Ministério das Infraestruturas, herdando ainda os Portos. Assuntos que eram, no anterior Executivo, geridos por Ana Paula Vitorino, cujo futuro está em aberto.
Também na Defesa, Saúde e na Educação se deverão manter os ministros João Gomes Cravinho, Marta Temido e Tiago Brandão Rodrigues, respetivamente.
Saídas e incógnitas
Entre o elenco do anterior Governo, a saída de peso é Vieira da Silva. O histórico ministro da Segurança Social vai sair de cena da vida política deixando em aberto a pasta do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Para suceder a Vieira da Silva, um dos nomes apontados é Ana Catarina Mendes, a secretária-geral-adjunta do PS. No entanto, para evitar mais casos e nova polémica de familiares no Governo, Ana Catarina Mendes – cujo irmão António Mendonça Mendes deverá continuar como secretário de Estado dos Assuntos Fiscais – pode vir a herdar a presidência da bancada parlamentar do PS.
Também o ministro da Ciência e do Ensino Superior, Manuel Heitor está de saída. Entre os nomes que circulam para gerir a pasta está o presidente do Instituto Superior Técnico, Arlindo Oliveira, ou a ex-presidente do Politécnico do Porto, Rosário Gambôa, que este ano entrou nas listas do PS para ocupar o segundo lugar do elenco de candidatos pelo Porto.
Na Justiça ainda não é certo que Francisca van Dunem se mantenha sendo que uma das possibilidades para assumir a pasta é João Tiago Siveira, que, durante o último Governo de Sócrates foi secretário de Estado da Justiça e porta-voz do PS.
Outra incógnita é o futuro de Eduardo Cabrita que no anterior Executivo assumiu a Administração Interna, alvo de várias polémicas.
A orgânica do Governo deverá manter-se, sendo que a única alteração prevista será para o setor do Turismo que volta a ganhar uma tutela, cuja ministra deverá ser Ana Mendes Godinho, a atual secretária de Estado, a quem deverá caber, também, a pasta do Mar. Desde 2004, com o Governo de Santana Lopes que não existe Ministério do Turismo. Nessa altura, a pasta foi gerida por Telmo Correia, do CDS.
O próximo Governo deverá tomar posse na última semana de outubro.