O Fórum da Competitividade escreveu esta semana uma carta a António Costa a apontar ‘erros estratégicos’ que explicam, em parte, as baixas taxas de crescimento da economia. Quais são esses erros estratégicos?
Para pôr isso em imagem, acho que tínhamos, nos finais dos anos 70, dois possíveis modelos pela frente. Um era o da Florida para férias e turismo da terceira idade, outro era o da Califórnia, nomeadamente a zona de São Francisco, com inovação, novos setores, uma aproximação mais moderna ao futuro. Fomos para o lado da Florida, sempre achei que devíamos ter ido para o lado da Califórnia. E tornámo-nos extraordinariamente dependentes – então nos últimos anos de uma maneira perigosa – da atividade turística. Se tivéssemos mantido a continuidade de uma atividade industrial em setores que se fossem modernizando à medida que o mundo ia evoluindo, estávamos hoje bastante melhor. Mas deixámos praticamente esse objetivo a partir da época do investimento da Autoeuropa, que foi das últimas coisas que se fez em Portugal no setor dos bens transacionáveis, com a produção marcadamente virada para o mercado externo. O que os portugueses consomem de carros da Autoeuropa é uma pequena parte do que eles produzem, se calhar 1%. É quase tudo para exportação. Temos algumas zonas do país, nomeadamente o Norte, onde há muitos concelhos em que o valor das exportações é se calhar mais do dobro do valor das importações. Essas regiões são muito fortes em termos externos. Depois temos uma outra zona do país, onde Lisboa tem um peso brutal, onde existem fundamentalmente funcionários públicos, empresas dos setores não transacionáveis onde nada está virado para o exterior. Isso, no fundo, marcou esta evolução que falo da Florida e da Califórnia. De alguma forma é o retrato do que foram os últimos 30 ou 40 anos.
E deu este resultado…
O resultado foi péssimo porque, desde meados da década de 90, crescemos muito pouco.
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