Regressou ao CDS quase 20 anos depois de se ter desfiliado. Foi importante para si voltar ao partido que liderou?
Foi um reencontro com a minha história. Correspondia a um desejo que já tinha manifestado há mais tempo. Fui a vários pontos do país a convite de estruturas do CDS e da Juventude Popular para participar em conferências. Houve uma reaproximação progressiva. Foi um processo natural e normal.
O CDS teve pouco mais de 4% nas últimas eleições legislativas. Como interpreta este resultado?
Não foi um resultado bom, mas também não foi a primeira vez. O CDS teve 4% por duas vezes quando eu era presidente da Juventude Centrista. Primeiro com Adriano Moreira e depois com Freitas do Amaral. Em 1987 elegemos quatro deputados e em 1991 cinco deputados.
Isso durante as maiorias absolutas de Cavaco Silva…
Exato. Muita gente vaticinou, nessa altura, o fim do CDS e a verdade é que não desapareceu. Começou a sua subida nas legislativas seguintes, em 1995, e depois teve presenças ativas na governação do país com Durão Barroso, Santana Lopes e Passos Coelho.
Foi consigo na liderança que o CDS conseguiu recuperar. Elegeu 15 deputados nas eleições em que o PS voltou ao poder com António Guterres. Como justifica essa recuperação?
Houve três fatores. O primeiro é que nós não vínhamos do nada. Os jovens que vinham da Juventude Centrista tinham uma atividade politica muita intensa no movimento associativo estudantil. Tínhamos aprendido a fazer politica fora do partido. Em segundo lugar, foi possível juntar a esses mais novos gente mais velha e com outra experiência do partido. Ao nosso lado estavam pessoas como Adriano Moreira, Girão Pereira ou Krus Abecassis. Tinham muita maturidade e ajudavam os mais novos. E, em terceiro lugar, a capacidade de atração de quadros novos. Foi a conjugação destes três elementos que ajudou à recuperação do CDS animados por um discurso de afirmação clara de um partido de direita. Sem qualquer medo de ser um partido de rutura com o sistema.
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