O debate televisivo na SIC entre o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o seu adversário, André Ventura, teve alguns picos de tensão, um momento de irritação, mas longe do registo caótica do duelo entre o presidente do Chega e o candidato comunista, João Ferreira.
Marcelo Rebelo de Sousa chegou com o fato de que é o presidente de todos os portugueses, da direita social, que inclui e não exclui. Para o recandidato presidencial "não há portugueses puros e impuros".A frase surgiu depois de André Ventura ter mostrado uma foto de Marcelo Rebelo de Sousa com várias pessoas no Bairro da Jamaica. O episódio ocorreu depois de uma inervenção policial muito polémica. Ventura perguntou a Marcelo porque não foi visitar também a esquadra da polícia visada neste processo. A pergunta vinha com um propósito: André Ventura quis dizer que Marcelo juntou-se " bandidos" ou a bandidagem. O chefe de Estado insistiu que não faz distinções. "Um presidente da República não pode distinguir entre puros e impuros". Mais, Marcelo retorquiu que a análise de Ventura dizia muito do próprio, acusando-o quase no final de "direita securitária", quando o líder do Chega também atacou a libertação de reclusos em abril por causa da pandemia da covid-19.
Ventura recordou outro caso com nova fotografia: a de um senhor que perdeu a casa nos incêndios de 2017, com o Chefe de Estado a tentar consolá-lo. O candidato apoiado pelo Chega quis demonstrar que o presidente estava demasiado colado ao governo, que eram uma desilusão para a direita.Isto porque o senhor faleceu sem conhecer a reconstrução da casa. "Ficou muito aquém daquilo que a direita lhe exigia", atirou Ventura.
Marcelo deixou claro que a casa em causa já está reconstruída, que manteve o contacto com a família e teve um momento de irritação por Ventura não reconhecer que houve reconstrução nas zonas afetadas. "O senhor esteve lá? Ah esteve? Imagino. Demagogia barata", atacou Marcelo
Depois, lembrou que pediu o Estado de Emergência quase "contra todos" em março, admitindo que as medidas a partir possam vir a ser endurecidas.
Antes, ouviu de Ventura que eram necessárias ruturas: “Temos de fazer uma rutura em Portugal. Este regime precisa de uma limpeza e aqui aponto responsabilidades a Marcelo".
Do debate ficou claro que Ventura é a favor da prisão perpétua, Marcelo é contra. Mais, o Chefe de Estado explicou que tambem contesta o regime presidencialista proposto pelo Chega numa revisão constitucional, até porque "o presidencialismo iria conduzir à ditadura".