Na reação, o PCP, que não aplaudiu o discurso de Marcelo, disse que a parte “mais importante” da posse foi o juramento da Constituição. Jerónimo de Sousa, líder comunista, lembrou ainda algumas omissões do discurso.
“Temos uma apreciação crítica a esta ou aquela matéria “ , explicou Jerónimo de Sousa para responder a questão sobre a qual não aplaudiu o discurso.
José Luís Ferreira, do PEV, pediu um mandato mais ativo de Belém e “um olhar mais atento “ sobre a pobreza, por exemplo. E apelou ao reforço das funções sociais do Estado como marca política para o segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa.
Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, começou por destacar o foco na diversidade que Marcelo Rebelo Sousa referiu para falar do país e dos portugueses.
“Foi um discurso interessante “, declarou Catarina Martins, assinalando a defesa da democracia e a resposta às vítimas da crise. Ou seja, o Bloco não aplaudiu o discurso mas acompanha três ideias: pluralidade da democracia, a diversidade povo, a defesa de mais investimento público, e responder e acudir a quem precisa.
André Silva, do PAN esperava mais do discurso sobre o combate à corrupção e lembrou que Marcelo Rebelo de Sousa promulgou a extensão experimental dos contratos de trabalho no anterior mandato, contraditória da defesa que faz dos jovens.
Já o CDS não poupou elogios. “Muito positivo”, “excelente” e com “sentido patriótico”, afirmou Francisco Rodrigues dos Santos, que acredita no papel “central” que Marcelo vai assumir neste segundo mandato. Líder dos democratas-cristãos sublinha ainda a necessidade de afastar quaisquer “suspeitas de promiscuidade” no uso da bazuca europeia.
Ana Catarina Mendes, do PS, desejou sucesso ao Presidente e destacou três pontos do seu discurso: o apelo ao reforço da democracia, sem “respostas fáceis ou populistas”; a importância de vencer a crise sanitária, com um SNS forte e um processo de vacinação de sucesso; e a necessidade de perceber as desigualdades e reforçar a coesão social e territorial do país.
“É evidente que o PR, como democrata que é, pôs em cima da mesa que o povo escolhe os seus representantes. Não foi um recado, foi cumprir a Constituição. Respeitará a vontade dos portugueses”, sublinhou a dirigente socialista.
Por outro lado, a reação do Chega foi repleta de críticas. “Fez um discurso baseado na afirmação de valores, com muito pouco sobre a vida concreta dos portugueses e se continuará ou não a dar a mão ao Governo de António Costa” – até pelo “entusiasmo da bancada do PS”, afirmou André Ventura. “Os portugueses esperam que o PR se afirme como um protagonista também de orientação, sobretudo quando temos um Governo completamente desorientado. Nada do que Marcelo disse hoje vai nesse sentido”, acrescentou.
Ventura fez questão de comentar também as palavras do presidente da Assembleia da República, acusando Ferro Rodrigues de querer silenciar o Chega com os “recados” dirigidos às novas forças políticas e que Marcelo também estaria articulado com o mesmo discurso. “Eu falei em portugueses de bem e não em portugueses puros, foi um ataque ao lado”, disse, referindo-se ao apelo do Presidente para um Portugal sem o “mito do português puro”. “É evidente que quis hoje atacar-me a mim e que estava articulado com Ferro”, sublinhou Ventura.
Já o PSD destacou a “dimensão social” do discurso de Marcelo. O líder parlamentar social-democrata, Adão Silva, mostrou-se preocupado com “a pandemia social que a pandemia sanitária está a gerar”, lembrando os desempregados e as empresas em dificuldades.
Adão Silva aproveitou ainda para sublinhar que Rui Rio, embora tenha tido uma inicial atitude de cooperação com o Governo, está agora empenhado em criar “uma alternativa singular” focada nas eleições autárquicas e nas próximas legislativas.
O líder do Iniciativa Liberal classificou o discurso de Marcelo como “ecumémico”, ou seja tem “tudo para todos” e, embora João Cotrim Figueiredo reconheça que é “correto do ponto de vista dos princípios”, sublinhou que há uma “distância entre o que diz e o que é feito”.
“O que poderá levar um português comum a acreditar que um segundo mandato será mais exigente?”, questionou.
Assim como Ventura, também Cotrim Figueiredo parece não ter gostado das palavras de Ferro Rodrigues e disse mesmo estar “revoltado”.
O líder do Iniciativa Liberal sublinhou que não foi com a primeira posse de Marcelo, nem com a posse do primeiro Governo de António Costa que passou a sentir “orgulho em ser português”.