O primeiro-ministro e líder do Partido Socialista, António Costa, criticou a liderança de Rui Rio no Partido Social Democrata, ao compará-lo a um “cata-vento”, deixando que o PSD se contamine pelas “ideias do Chega”.
"Um cata-vento tem uma grande vantagem sobre o dr. Rui Rio: é que um cata-vento ao menos tem pontos cardeais, o dr. Rui Rio não tem", disse o líder socialista em entrevista ao DN, JN e TSF.
Questionado sobre a possibilidade de haver um acordo na justiça entre os dois maiores partidos, António Costa explicou que o PSP já “desistiu de disputar o centro com o PS e a única coisa que agora quer disputar é ali 2 ou 3% dos votos com o Chega”, ao fazer um acordo nos Açores com o partido de extrema-direita e também ao importar “uma senhora para candidata à Câmara da Amadora”, Suzana Garcia.
"E muito mais perigoso do que o Chega é a contaminação do PSD pelas ideias do Chega. E essa contaminação surge quer no estilo de intervenção política, quer no conjunto de propostas que apresenta, quer nesta incoerência onde se diz tudo o que é popular", salientou o secretário-geral do PS.
António Costa assinalou o perigo que os partidos de extrema-direita são para a ala direita: "nestes partidos é que vão-se infiltrando, não é organicamente, mas vão condicionando politicamente os partidos da direita democrática".
Já em relação à Operação Marquês, o primeiro-ministro disse que o PS tem de tirar as suas conclusões sobre a matéria, mas deve escolher o momento certo para o fazer. Para Costa, “o momento próprio é quando este caso terminar. Aí sim, o PS pode e deve falar”, sublinhou o líder do PS na entrevista.
Vários militantes socialista como Ana Gomes tem vindo a criticar o constante silêncio de António Costa sobre o processo que envolve o antigo secretário-geral do partido José Sócrates, mantendo a sua posição desde 2014, quando o ex-primeiro-ministro foi detido: "À política o que é da política, à justiça o que é da justiça”.
Costa afirmou que só voltará "a falar sobre esse assunto quando houver uma decisão transitada em julgado", ao frisar que esta situação "seria difícil para qualquer partido lidar" com um caso deste género.
"O PS fez o que é correto. Porque qualquer coisa que o PS fizesse, das duas uma: ou seria uma pressão inadmissível sobre a Justiça ou seria uma desconsideração inaceitável do princípio da presunção da inocência. Ora, ou temos princípios ou não temos", indicou.
"Não é o PS que se vai substituir à Justiça, fazendo o julgamento que a Justiça há de fazer", apontou o líder socialista.