É o fim de uma era para o PAN – Pessoas Animais e Natureza. Convicto de que “os políticos não se devem eternizar nos cargos”, André Silva colocou um ponto final na sua liderança, dez anos depois de a assumir, no VIII Congresso do partido, que se realizou na cidade de Tomar este fim de semana.
Ao congresso do “único partido animalista e ambientalista em Portugal” foi levada apenas uma Moção Global Estratégica: “As causas primeiro”, assinada por Inês Sousa Real, em primeiro lugar, cuja lista contou com 87% dos votos. Os números finais foram 109 votos favoráveis à lista de Sousa Real, 14 brancos e dois nulos.
O evento começou por volta das 12h00 de sábado, com discursos de André Silva – porta-voz demissionário – e Manuela Gonzaga, e encerrou por volta da hora de almoço de ontem, tendo a nova líder Inês Sousa Real proferido o discurso de encerramento, já na condição de líder. Estavam inscritos 134 delegados.
Dos 27 membros eleitos da nova Comissão Política Nacional, cujo mandato é de dois anos, figuram 11 novos nomes e 16 reconduções. Bebiana Cunha – psicóloga e deputada à Assembleia da República (AR) – surge como número dois; Pedro Neves – deputado regional dos Açores – como número três; e Nelson Silva – deputado municipal pelo PAN a Odivelas e futuro substituto de André Silva na AR – como número quatro. Foi também eleito – com 102 votos favoráveis, 19 brancos e três nulos – o “Conselho de Jurisdição Nacional”, um órgão com apenas cinco pessoas cuja e coordenação ficará a cabo de Sandra do Carmo.
Momentos-chave O Congresso viveu dois momentos-chave: o primeiro deu-se quando André Silva foi homenageado pelos seus colegas delegados, saudando-o unanimemente por “nunca desistir”, não obstante o frequente “bullying de desinformação” de que fora alvo. A saudação a André Silva, levado a cabo por Pedro Neves, destacou que o “percurso do PAN se cimentou em 2015 com a eleição de primeiro deputado à Assembleia da República”. Houve ainda espaço para uma menção ao “altruísmo singular” que André Silva demonstrara ao “abdicar da vida pública”.
O outro – talvez o mais importante – deu-se no discurso de encerramento de Inês Sousa Real. A nova porta-voz do PAN, no dia anterior, havia-se já declarado disponível para negociações “tanto à esquerda como à direita, com o PS ou o PSD”, estando tal decisão nas mãos dos portugueses. Nas próximas legislativas, avançou, o PAN concorre para “ser Governo”.
Após enaltecer que o “PAN veio para ficar e para fazer a diferença”, Inês Sousa Real sublinhou ainda que, considerando que os outros partidos “se limitam a olhar para o ambiente e para as restantes formas de vida como meros apêndices nas suas políticas”, o PAN é o único partido capaz de tomar as rédeas ao desafio climático.