Na apresentação do seu programa eleitoral, Pedro Santana Lopes, cabeça de lista independente à autarquia da Figueira da Foz sob o mote “Movimento Figueira à Primeira (MFP)”, acusou o PSD e o PS de terem um “pacto” para atacar a sua candidatura. Segundo Santana, fazem-no por estarem “em pânico e de cabeça perdida”, um comentário que certamente terá que ver com as tentativas de impugnação de que a sua candidatura tem sido alvo.
“Como é que têm coragem de se apresentar a eleições, quando estiveram em funções nos últimos anos e fizeram pouco ou nada pela Figueira”, interrogou, para logo depois acusar os oponentes de “terem hibernado nos últimos 12 anos” e “apresentarem medidas só quando há eleições”. “Com outros teríamos quatro anos de hibernação e connosco quatro anos de trabalho, progresso e desenvolvimento pelos figueirenses”, rematou.
Na mesma apresentação, o antigo primeiro-ministro declarou querer tornar o concelho num “exemplo para o país”, notando não bastar “pôr Figueira da Foz no mapa, mas sim torná-la liderante”.
Na eventualidade de vencer a corrida à Câmara, Santana Lopes diz que, logo no “primeiro dia”, irá “começar a limpeza do areal da praia com a devida protecção dunar”, levar a cabo a requalificação da frente de mar, e – considerando os acidentes na entrada da barra do porto de pesca – criar uma equipa de vigia permanente para salvamento marítimo.
Santana Lopes destacou ainda a concretização da piscina oceânica, a aposta em circulares externas, a criação de um Centro de Investigação Florestal e a plantação de 40 mil árvores no concelho. Financeiramente, compromete-se a “sair do primeiro mandato com a dívida mais baixa do que quando entrou”.
Tentativa de impugnação Recorde-se que o PSD – que leva Pedro Machado como candidato à Figueira da Foz após ter rejeitado apoiar Santana – tentou impugnar a candidatura de Santana Lopes, alegando eventuais ilegalidades na nomenclatura da candidatura e uma suposta insuficiência no número de proponentes.
O caso foi parar aos tribunais, que acabaram por considerar “totalmente improcedente” a investida dos sociais-democratas. Para o antigo primeiro-ministro, tal significou uma “vitória”, conforme afirmou ao Nascer do Sol: “Nunca vi uma campanha – e já discuti muitas na vida – assim que tenta recorrer a tudo, com uma falta de caráter como nunca vi”.
O candidato independente fez no entanto questão de “diferenciar estes dirigentes deste PSD”, do PSD que o acolheu durante largos anos. Considerou, por fim, que esta tentativa de impugnação não passava de uma “intenção do PSD de procurar protagonismo que não tem de outra forma”.
Já o PS levará a votos Carlos Monteiro: o socialista que tomou as rédeas da Câmara em 2019, depois de João Ataíde ter saído para ocupar o cargo como secretário de Estado do Ambiente. Falou, ao Nascer do Sol, sobre os seus principais adversários: “O PS aguarda que os ânimos do PSD e do MFP deixem de criar casos e de se vitimizar, na medida em que o que importa é a discussão política dos respetivos projetos de forma a esclarecerem-se os figueirenses”.
Candidaturas e sondagens A corrida à Figueira da Foz é disputada pelo menos por seis candidatos: Carlos Monteiro (PS), Bernardo Reis (CDU), Rui Curado (BE), Pedro Machado (PSD), Miguel Mattos Chaves (CDS-PP) e Pedro Santana Lopes (Independente). O Chega havia apresentado João Paulo Domingues, contudo, uma decisão do Tribunal da Comarca de Coimbra acabou por anular esta candidatura.
Ao que o i apurou junto do Chega, aguarda-se, nos próximos dias, uma decisão quanto à efetividade desta candidatura: serão os restantes partidos que decidirão ou não se procede.
Uma sondagem realizada no início de agosto pela Eurosondagem/Libertas e publicada na última edição do Nascer do Sol coloca Pedro Santana Lopes à frente nas intenções de votos, com 38%. Segue-se-lhe o atual Presidente da Câmara, Carlos Monteiro, com 34%. Já Pedro Machado, do PSD, conta apenas com 8,6%.