IRS: Costa acena com redução de escalões

Numa primeira reação pública a medidas apontadas pelo primeiro-ministro para o OE 2022, o PCP considerou que o Governo “está longe” das opções políticas necessárias para o país. 

O primeiro-ministro admitiu rever os escalões de IRS, com vista a aumentar o rendimento da classe média e apontou ainda para uma subida «significativa» do abono de família no próximo Orçamento de Estado para 2022. A ideia, de acordo com António Costa, é dar uma «prioridade clara» ao combate à pobreza infantil. «Se me disser que vamos adotar uma única medida, posso escolher se vou mexer nos escalões, se vou aumentar as deduções para todas as crianças… Se me disser que ambas são necessárias, então tenho de compatibilizar o quadro orçamental», disse o primeiro-ministro em mais uma entrevista ao semanário Expresso.

Já em relação à mexida no IRS, com a criação de mais escalões de forma a aumentar o rendimento da classe média, o governante apontou que essa medida «está inscrita no programa do Governo», acrescentando que «é uma matéria sobre a qual não só estamos a estudar, como estamos a conversar com os nossos parceiros e temos de medir se e como».

No entanto, o primeiro-ministro reconheceu a «dificuldade com que muitas das famílias têm passado do primeiro ao segundo filho e isso tem a ver com os seus rendimentos. Temos de continuar a investir no aumento do rendimento disponível que implica, por um lado, uma política salarial por parte das empresas, por outro, transferências não monetárias por parte do Estado (…), designadamente nos abonos de família».

O PCP já reagiu, considerando que é necessária uma «política alternativa» para assegurar o desenvolvimento do país e que o primeiro-ministro «está longe» de mostrar que essa é uma opção que o Governo «admita fazer».

Para os comunistas, «a dimensão dos problemas que o país enfrenta exige uma política alternativa que rompa com opções e critérios que conduziram à atual situação e que abra perspetiva para uma política capaz de assegurar o desenvolvimento económico e o progresso social».

Já o BE sublinhou que está disponível para negociar o Orçamento do Estado para 2022, desde que responda aos problemas do país, considerando que «seria um erro» se o Governo fosse intransigente sobre os apoios sociais.

Por seu lado, o CDS defendeu recentemente que o próximo Orçamento «tem de aliviar o peso do Estado nas famílias e nas empresas», referindo que, no caso do IRS, «os escalões têm naturalmente de ser mexidos, para serem menos e as taxas também mais baixas», com alterações nos impostos sobre os combustíveis, IRS e IRC.

Também o PAN já veio garantir que «teve oportunidade de explicar a sua visão para a retoma económica do país», defendendo a necessidade de apostar na «empregabilidade verde», com mais postos de trabalho ligados à recuperação ambiental.