As autárquicas na Madeira vieram com alguma surpresa. Não tendo o PS cumprido os objetivos a que se propôs nestas eleições autárquicas, Paulo Cafôfo apresentou a sua demissão de presidente do PS Madeira, anunciando que vai também deixar o seu lugar de deputado na Assembleia Regional.
Esta atitude não significa que o socialista não será candidato no próximo ato eleitoral do partido. “É claro que nós não atingimos o resultado que esperávamos, eu não atingi os objetivos a que me tinha proposto para estas eleições autárquicas e há um facto que é indesmentível: o Partido Socialista não ganhou estas eleições”, disse.
Cafôfo acrescentou ainda que “apesar de todos os esforços”, não foi “bem sucedido” e, nesse sentido, não há outra hipótese, para já, que não a da sua saída.
A justificação é simples: “Estes resultados demonstram que precisamos de provocar alterações”, disse, acrescentando: “A política é uma missão e sei que a minha missão neste contexto e face a estes resultados chegou ao fim”.
Feitas as contas, os resultados positivos na Ponta do Sol, Machico e Porto Moniz não foram suficientes para ‘cobrir’ a pesada derrota no Funchal, onde a Coligação Confiança perdeu a Câmara, a Assembleia Municipal e nove das dez juntas de freguesia. Por isso, Cafôfo garantiu: “Em política temos de ser coerentes. Eu estou a ser coerente com a minha pessoa, com o meu caráter e tenho uma dignidade”.
No Funchal a vitória foi para o PSD, com Pedro Calado. Numa reação a este resultado, Miguel Albuquerque – presidente do Governo Regional da Madeira – destacou que o facto de a coligação PSD/CDS ter ‘roubado’ a autarquia aos socialistas significa “um resultado surpreendente pela positiva”. E acrescentou: “Sentíamos que havia, por parte do povo e dos munícipes, um desejo de mudança […] Estavam um pouco fartos de que o lugar de presidente da Câmara fosse uma espécie de trampolim para voos mais altos”.
Já o vencedor Pedro Calado garante que se desvinculou “de todos os cargos” e enfrentou “a 200 por cento este projeto da câmara e é assim que quero estar nos próximos quatro anos”.
Açores Nos Açores a noite eleitoral seguiu sem grandes surpresas. Em Angra do Heroísmo, Álamo de Meneses (PS) foi reeleito presidente da Câmara.
Já em Ponta Delgada, um tradicional bastião social democrata nos Açores, a vitória recaiu sobre o PSD, liderado por Pedro Nascimento Cabral.
Numa reação às eleições, o líder do CDS-PP/Açores, Artur Lima, considerou que os resultados das eleições autárquicas reforçam a coligação daquele partido com o PSD e o PPM, que formou Governo em novembro de 2020 nos Açores.
“Este resultado eleitoral reforça a solução de Governo que temos na Região Autónoma dos Açores, reforça a coligação que temos no Governo com o PSD, o PPM e o CDS e reforça a coligação que temos a nível parlamentar”, adiantou em Angra do Heroísmo, na sede do CDS-PP/Açores.
Das nove candidaturas em coligações formadas com o PSD e o PPM, venceram quatro: Horta, Praia da Vitória, São Roque do Pico e Santa Cruz da Graciosa.
Face a estes resultados, Artur Lima não tem dúvidas: “O CDS neste momento é um partido que faz a diferença. Fez a diferença na governação nos Açores e faz a diferença no mapa autárquico regional”. E acrescentou: “Governos de um só partido e maiorias absolutas de um só partido não são a melhor forma de Governo. É assim na Europa e começa a ser assim nos Açores”.
Já o Chega Açores destacou “a grande vitória” de participação do partido. Para José Pacheco, representante do partido nos Açores, o que “interessa é participar”. “Se é o terceiro lugar, se é o quarto lugar, são dois votos, menos dois votos, não interessa”, destacou, acrescentando que “foi uma batalha”.
Por seu turno o líder do PPM, Paulo Estêvão, considerou que os resultados regionais nas autárquicas “são muito favoráveis para a coligação (PSD/CDS-PP/PPM)”, que lidera o Governo Regional, uma vez que “passa a existir nos Açores uma maioria de câmaras não socialistas”.