A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) não vai comparecer à reunião convocada para esta sexta-feira pela ministra da Agricultura para discutir a nova política agrícola comum (PAC). A garantia foi dada ao i por Luís Mira, secretário-geral da confederação. A tensão entre as duas partes já não era nova, mas ganhou novos contornos depois do Ministério liderado por Maria do Céu Antunes não ter respondido ao documento enviado pela CAP ao gabinete de António Costa sobre a arquitetura verde e os eco-regimes. “Tudo tem um limite e isso ultrapassou o limite e foi isso que já foi transmitido ao primeiro-ministro. Não tivemos nenhuma resposta ao documento que mandámos, não temos nenhuma garantia que este processo não seja igual àquele que vimos nos últimos oito meses e enquanto isso não acontecer não há condições para participarmos em reuniões sobre a nova PAC”.
Luís Mira lembra que a CAP durante oito meses esteve presente em reuniões para discutir o PRR, onde foram apresentados vários cenários pela ministra que apontavam para determinadas decisões, no entanto, garante que 10 dias antes do fim do prazo, o documento que foi enviado para Bruxelas não fazia parte de nenhum dos cenários avançados. “Não tem que decidir pelas opiniões que a CAP manda, enviámos vários documentos, nunca obtivemos nenhuma resposta, nem nenhum comentário, mas pior do que isso foi o facto de a decisão final nunca nos ter sido sido apresentada”, diz ao i. E vai mais longe: “Tenho um trabalho com as associações de base para recolher contributos. É reconhecido desde há muitos anos a capacidade técnica que a CAP tem nos documentos que apresenta e depois quando é para decidir, a decisão é outra. Andaram oito meses a brincar connosco?” questiona.
Em causa estão 92 milhões de euros que vão ser atribuídos através do plano ‘Terra Futura’. “É essa a importância que o Governo dá ao setor agrícola. Aliás, onde fica a ministra da Agricultura no hemiciclo? No último lugar”, refere.
Para o secretário-geral da CAP a relação com Maria do Céu Antunes só será alterada se houver uma mudança de comportamentos. E deixa uma garantia: “Só queremos que o relacionamento e o funcionamento se realize dentro dos parâmetros normais. O que não pode acontecer é a ministra da Agricultura gerir o Ministério como geria a câmara municipal onde estava, porque há determinados princípios técnicos e regras que têm de ser cumpridas”.