Por Felícia Cabrita e João Campos Rodrigues
Entre os dirigentes e empresários ligados ao FC do Porto que estão a ser alvo de buscas domiciliárias pelo Ministério Público e pela Autoridade Tributária, o alvo mais notório é o próprio Presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, que o Inevitável e o Nascer do SOL sabem ser suspeito de ter desviado 40 milhões de euros da SAD em negócios de transferências de jogadores.
Mas, além dele, também estão na mira da Justiça o seu filho, Alexandre Pinto da Costa, e o seu homem de confiança, o empresário Pedro Pinho, que ganharam cinco milhões de euros em comissões com a aquisição dos direitos de transmissão do FC Porto pela Altice. Estando acordado que ainda receberiam mais uma tranche de cinco milhões de euros a partir de 2021, que acabou por nunca chegar. O FC Porto ficou assim defraudado em 10 milhões de euros, capital que Alexandre e Pinho receberiam a troco da sua influência junto do clube.
Além dos direitos de transmissão dos jogos em casa do FC Porto, a partir de 2018, durante dez anos, também estavam incluído no negócio da Altice a aquisição dos direitos de transmissão do Porto Canal, durante 12 épocas e meia, a partir de 2016, bem como o privilégio de estampar o seu logótipo no peito dos jogadores dos dragões. No total, a SAD do FC Porto tinha a ganhar 457,7 milhões de euros vindos da empresa de telecomunicações franco-israelita – ficaria a perder cinco milhões para cada um dos chamados “comissionistas”, claro.
No que toca à formalização do acordo, há um contrato onde Pinho se comprometia a influenciar as negociações em prol da Altice, estando o papel do filho de Pinto da Costa ausente no documento. Estranhamente, o contrato é assinado em abril de 2016, mais de quatro meses depois de ser comunicada a venda dos direitos televisivos pela SAD do FC Porto, quando as negociações em que Pinho deveria ajudar já estavam concluidas há muito.
Pelo meio, Pedro Pinho não se meteu só neste negócio portista. Através das suas várias empresas desportivas – a Pesarp, N1 e a PP Sports, que em 2016 ainda dava pelo nome de Energy Soccer e era propriedade de Alexandre Pinto da Costa – envolveu-se numa série de negociações de jogadores. Mediou seis transferências do FC Porto só entre 2018 e 2021, incluindo a venda de Tiquinho Soares ao Tianjin Teda FC, tendo o jogador custado uns seis milhões de euros, bem como a de Yordon Osorio ao Parma, por mais de quatro milhões.
Já no que toca ao mentor de Pinho, Jorge Nuno Pinto da Costa, não é a primeira vez que é suspeito de desviar dinheiro do seu clube através de transferências de jogadores. Recorde-se que ainda em julho se soube que o presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, acusara Pinto da Costa de desviar dinheiro da transferência de Pepe para o clube madrileno, em 2007, que custou 30 milhões de euros, mostrava uma gravação antiga obtida pelo El Confidencial. Já o empresário desportivo Jorge Mendes – sócio no Brasil de Pedro Pinho, através da empresa Vespasiano – Invstimentos Imobiliários, segundo apurara o Público – também foi acusado pelo presidente do Real Madrid de participar no esquema.
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