Jerónimo de Sousa e António Costa debateram na noite desta terça-feira na TVI para as eleições legistivas antecipadas que acontecerão no próximo dia 30 de janeiro.
A palavra no debate é primeiramente cedida a Jerónimo de Sousa que lembra que a eleição que aí vem não é para primeiro-ministro mas sim para "eleger 230 deputados" e "que mediante a correlação de forças pode surgir uma solução". Ainda evitando responder a questões sobre um eventual entendimento com os socialistas, o secretário geral do PCP sublinha que, mais do "com quem", interessa saber o que vai fazer o Governo.
António Costa acusou de seguida os comunistas de "irresponsabilidade política" por deixarem o país entrar numa crise em altura de pandemia, recordado o chumbo do Orçamento de Estado, referindo ainda que se este tivesse passado, muitas das medidas já estariam em vigor. Jerónimo de Sousa aproveitou para interpelar o atual primeiro-ministro e perguntar-lhe o porquê de não ter avançado com estas medidas. António Costa responde que seria impossível fazê-lo com duodécimos.
Nesta altura, Jerónimo de Sousa afirmou que o mais marcante neste OE não eram os avanços como nos anos anteriores mas sim o foco em algumas áreas específicas como os direitos laborais e o reforço do SNS.
"Em vez de pensar em soluções, começou a pensar em eleições". A acusação foi feita pelo secretário geral do PCP relativamente ao primeiro-ministro, que acrescentou ainda que a prova de tal são os pedidos de "maioria estável" ou "maioria mais um" feita pelos socialistas nas últimas semanas.
Costa responde a estas acusações questionando o comunista:“Algum primeiro-ministro no mundo, numa crise destas, quer abrir uma crise e ir para eleições? Algum primeiro-ministro provoca eleições antecipadas numa situação destas?”.
"Estas eleições não são sobre recriminações sobre o passado, são sobre o futuro", sublinhou António Costa quando questionado sobre o porquê de os comunistas e o BE terem chumbado o Orçamento de Estado, acrescentando que não queria "estar a fazer acusações, mas também não" as aceita. "Não estou aqui para reerguer muros que derrubei no passado", disse ainda o primeiro-ministro.
Questionado sobre a confiança que tem no PS, Jerónimo afirma que a sua relação com António Costa não é de "inimigos" mas de "naturalmente, adversários políticos", lembrado que as críticas feitas ao PS são claras, mas também "na perspetiva de encontrar soluções".
Ao presidente do PS é feita a mesma questão, sendo que este considera que é preciso "uma maioria que não chumbe tudo na Assembleia e permita estes avanços efetivos".
"Não faço futurologia, isso seria arrogância da minha parte", reiterou o comunista quando questionado sobre se se via a debater com o PS depois das eleições.
Já António Costa, para encerrar o debate realçou que neste momento não sente confiança para dizer que a geringonça é uma solução estável apesar de acreditar que esta foi "a solução mais estável da história da democracia".