Começou pelas 21h00 o debate entre o deputado único do Chega, André Ventura, e o atual primeiro-ministro, António Costa.
A primeira pergunta foi dirigida ao socialista, relativamente à votação para quem estiver isolado na altura das eleições legislativas antecipadas. António Costa indicou que extistiu uma alteração da lei eleitoral no final da legislatura e que aguarda parecer da PGR, insistindo, contudo, que Ventura deve esclaracer a sua posição no que toca à vacinação.
“Um responsável político tem de dar o exemplo”, referiu o primeiro-ministro que vê na vacinação "a grande arma contra a pandemia" e acusa o presidente do Chega de “pôr em causa e em dúvida a importância da vacinação”.
Em resposta às acusações feitas pelo primeiro-ministro, André Ventura referiu que, pelo facto de ter estado infetado com covid-19, não se conseguiu "vacinar imediatamente" e que essa ainda "é uma decisão" que terá "de tomar", referindo, ironicamente que fica "contente que os grandes temas que" António Costa "traga para o debate" seja a sua saúde. André Ventura afirmou ainda que se "quer vacinar".
O candidato de extrema-direita acusou ainda o primeiro-ministro de ser o responsável pelo "caos" na saúde e pelos falecimentos, realçando novamente que "em vez de se preocupar com o estado da saúde", António Costa "está preocupado com" a sua vacinação.
Ainda sobre a mesma questão, o socialista diz achar um "grande progresso" que a vontade do candidato do Chega se querer vacinar, uma vez que "a 22 de dezembro, à CNN, disse que estava a equacionar”.
Passando depois para as medidas de combate à pandemia do seu Governo, António Costa falou, além da vacinação, da taxa de desemprego que diminuiu e da exportação das empresas, acusando ainda André Ventura de “fugir a falar do seu programa”, apontando que a taxa única de IRS para todos, defendida pelo Chega, “é promotora da desigualdade".
Sobre a questão da taxa de desemprego, Ventura utilizou o exemplo espanhol para atacar o primeiro-ministro, referindo que "o seu companheiro socialista" conseguiu baixar a taxa de desemprego em 20%.
No que à toca à taxa única, o candidato do Chega afirmou que o objetivo é acabar com "metada da classe política e das nomeações" e que só aí, se poupariam "milhões": "Se cortarmos na grande massa que isto representa e conseguirmos um crescimento decente conseguimos isto". O candidato referiu ainda que "o caminho até à taxa única será progressivo e concluído em quatro anos".
À questão feita pelo moderador sobre se esta seria uma medida justa, André Ventura não respondeu.
O socialista perguntou depois a André Ventura se "um banqueiro e um professor devem pagar o mesmo de IRS", mas não obteve qualquer resposta.
O primeiro-ministro voltou depois à questão do desemprego, realçando que não reduziu apenas "décimas" e acusando o oponente de "falar muito" e, tal como é habitual nas pessoas "da sua família política, pegar num caso, generalizar, dividir o mundo entre bons e maus" e mostrar "muitas fotocópias mas pouca realidade".
António Costa lembrou seguidamente a questão mencionada pelo candidato do Chega no debate com Rui Rio relativamente ao corte das pensões. "Não era só Rui Rio que fazia parte do corte das penões, o senhor deputado era do PSD e depois foi candidato do PSD a vereador".
O primeiro-ministro referiu ainda que o oponente "fala muito de corrupção" e questionou-o sobre onde estava, no dia 19 de dezembro, por ter faltado à Assembleia da República quando tinham sido votados dois diplomas fundamentais de combate à corrupção e por unanimidade com a ausência do Chega”.
O candidato do Chega respondeu que estava numa reunião em Bruxelas.
André Ventura mostrou então uma fotografia de António Costa com José Sócrates e disse que "o ministro da Justiça de José Sócrates trazer a corrupção para cima da mesa" era de bradar aos céus e aconselhou o socialista a pedir desculpa aos portugueses "pelos inúmeros casos de corrupção que o PS gerou e por estarmos a julgar um ex-primeiro-ministro" que tirou milhões ao país.
O primeiro-ministro respondeu depois que "não existem filhos e enteados" e que qualquer socialista que viole a lei "tem de ser responsabilizado e é uma vergonha para o PS".
Foi aqui que o debate aqueceu, com os dois candidatos a falarem um sobre o outro e a trocarem acusações.
O moderador perguntou a António Costa o que faria se o PSD ganhasse, sendo que este respondeu que é preciso "dar maioria ao PS".
O primeiro-ministro acusou os restantes partidos "unido para derrubar o PS", tendo posto em causa o combate à pandemia. António Costa realça ainda que a sua missão "é ajudar o país a desenvolver-se" e que, no que toca ao Chega e ao PSD, isso é um problema dos dois partidos.
"O grande problema dos partidos como o Chega é quando começam a influenciar e condicionar os partidos democráticos", referiu o socialista salientando que foi isso que Ventura fez com Rui Rio.
Relativamente a um Governo à direita, o candidato de extrema-direita afirma que o objetivo do Chega é tirar António Costa da governação, admitindo que o partido fará "todos os sacrifícios para isso".
André Ventura referiu ainda que existiam escutas do oponente a "tentar interferir no processo Casa Pia" e que por isso, não lhe dá "lições de combate à corrupção". E bate o pé, dizendo que não descansará enquanto o PS não for "afastado da esfera do poder".
António Costa interpelou então o candidato do Chega, lembrando que "da última vez" que este fez uma acusação num debate "acabou condenado pelo Supremo Tribunal" e que, "até agora" ele "não fui condenado” – fazendo referência à condenação do Supremo a Ventura por “segregação racial” na sequência das “ofensas ao direito à honra” após ter apelidado a família Coxi, do Bairro da Jamaica, no Seixal, de “bandidos”.