Inês Sousa Real acredita que não só é possível reforçar a representação na Assembleia da República, como ganhar novas geografias. “Há distritos em que, em 2019, ficámos um bocadinho aquém de conseguir a eleição, mas não é de todo impossível. É o caso de Braga, Aveiro e Faro, onde tivemos bons resultados nas autárquicas”, disse em entrevista ao i.
A líder do PAN desvaloriza as sondagens e diz que “valem o que valem”, lembrando que já se assistiu grandes surpresas, como foi o caso da Câmara Municipal de Lisboa, nas eleições autárquicas.
Em cima da mesa está a redução de impostos. “Precisamos de ter um Orçamento que dê as respostas necessárias ao que o país precisa. É o caso, por exemplo, da redução dos escalões de IRS – quer a nível de percentagem, quer ao nível da revisão dos próprios escalões com vista ao seu desdobramento – e essa foi uma matéria que nos dividiu no debate com Rui Rio porque, ao contrário do PSD, o PAN entende que não temos de esperar pelos efeitos da descida do IRC para descer os escalões de IRS para as famílias. O dinheiro existe, está é a ser mal aplicado”, salienta.
O mesmo cenário deve-se repetir no IRC. “O regime dos residentes não habituais tem anualmente um impacto no Orçamento do Estado de 800 milhões de euros e essa verba poderia ser usada para equilibrar a descida do IRC. O PAN defende um hospital público médico-veterinário para os animais de companhia, mas todos os anos estamos a dar mais de 16 milhões de euros à tauromaquia”, disse na mesma entrevista.
A porta-voz do partido defende ainda a aplicação do Rendimento Básico Incondicional que já foi testado em outros países, como a Finlândia, por exemplo. “Foi aplicado a uma população-alvo de duas mil pessoas, atribuindo 500 euros a cada e o que se verificou é que através deste rendimento, as pessoas conseguiram não só ter um maior sentimento de segurança perante o Estado, como houve uma diminuição da criminalidade nos vários países onde foi testado. Houve também uma diminuição daquilo que era a sensação de ansiedade por partes destas pessoas, contribuindo para a saúde mental”. Um valor que, no seu entender, poderia ser aplicado no nosso país.
Porta aberta para acordos
Apesar de deixar a porta aberta a negociações com o PSD e com o PS garante que “este tempo não é de negociação”, acrescentando que o foco e prioridade “é que as pessoas percebam que a verdadeira alternativa é o PAN, não é o PS, nem o PSD”.
E acrescenta: “Estamos focados no programa que apresentámos e nas causas que defendemos, que não é um mero copy paste de 2019, mas ajustado à atual situação em que vivemos, quer da crise climática, quer da pandemia. Depois do dia 30 logo haverá lugar ao diálogo, ao debate em torno daquilo que são os compromissos que cada um estará disponível para fazer em prol do país e do progresso civilizacional”, disse na mesma entrevista.
Touradas e caça com certo apertado
Terminar com as touradas e com a caça é o objetivo final do PAN, mas reconhece que até lá está aberta a negociações. “Temos a perceção que a sociedade civil portuguesa não acompanha a continuação de atividades bárbaras e que consistem em torturar um animal na arena. Há um repto da sociedade para que o poder político acompanhe esta vontade para acabar com as touradas e se não fossem os dinheiros públicos que continuam a alimentar esta atividade já teria acabado no nosso país. Acreditamos que na próxima legislatura, independentemente da força política que esteja no Governo, será fundamental acompanhar este repto, corrigir este erro histórico e civilizacional de continuarmos a torturar animais na arena”.
Quanto à caça lembra que “o país inteiro ficou consternado com a realidade da Herdade Torre Bela. A caça é uma das atividades que mais contribui para o declínio das espécies e é também preciso ter em conta o impacto que o próprio chumbo tem nos solos e no meio ambiente. Tudo isto tem de ser reavaliado e alterado”, disse na mesma entrevista.
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